Título: Protesto fecha estradas no país
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2007, Economia, p. B6
Os movimentos cívicos da cidade de Camiri, no sudeste da Bolívia, bloquearam ontem uma estrada que liga o país à Argentina e ao Uruguai. Eles querem que o governo ¿refunde¿ a Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB), empresa petrolífera estatal, e pedem uma ¿verdadeira nacionalização¿ do setor. Eles também exigem que o governo tire a Petrobrás da gestão de duas refinarias, uma em Cochabamba e outra em Santa Cruz.
Os dirigentes do Comitê Cívico de Camiri declararam no domingo à noite uma ¿greve geral por tempo indeterminado¿. Camiri já foi considerada a capital petrolífera da Bolívia.
A cidade fica no Chaco boliviano, 294 quilômetros ao sul de Santa Cruz. Uma das exigências dos moradores é a concretização da refundação da YPFB e a instalação na cidade de sua gerência de Prospecção e Exploração. Outra reivindicação é a reversão dos campos petrolíferos ao Estado, que seria a verdadeira nacionalização. Com relação às refinarias da Petrobrás, os manifestantes dizem que a nacionalização não basta. Querem que o Estado boliviano administre as duas operações.
A greve ocorre poucos dias antes da entrada em vigor dos novos contratos com petrolíferas estrangeiras assinados em virtude da nacionalização decretada pelo presidente, Evo Morales, e três dias depois de o presidente da YPFB, Juan Carlos Ortiz, renunciar alegando divergências com o governo sobre o funcionamento da empresa - ontem foi anunciado que o esquerdista Manuel Morales Olivera será seu substituto (ver mais ao lado).
O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, viajou no domingo a Santa Cruz para tentar se reunir com os dirigentes cívicos de Camiri e evitar o bloqueio de estradas iniciado ontem.
No entanto, segundo a imprensa local, o mau tempo impediu que García Linera chegasse a Camiri, e por isso, ele convocou os líderes cívicos da localidade a dialogar o mais rapidamente possível em La Paz, sede do governo.
O ministro Alfredo Rada disse que as demandas de Camiri ¿não são contraditórias com a política do governo¿ e antecipou que o governo tentará uma solução por meio do diálogo. Rada anunciou que as negociações ocorrerão em La Paz, enquanto o líder popular de Camiri, José Domingo Véliz, assegurou que o comitê de greve não se encontrará com ninguém do governo fora da cidade.