Título: Polícia indicia Suassuna e Celcita, suspeitos em esquema
Autor: Filgueiras, Sonia e Pereira, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2007, Nacional, p. A10

A Polícia Federal indiciou ontem a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Com esses 2, já são 16 os parlamentares indiciados por suspeita de envolvimento na máfia dos sanguessugas. Nenhum deles conseguiu se reeleger em outubro.

Ao todo 84 deputados e senadores são alvos de inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o esquema - desarticulado em maio de 2006 - de compra de ambulâncias superfaturadas com dinheiro de emendas do Orçamento inscritas por parlamentares em troca de propina.

Nos últimos dias, a PF indiciou os deputados Jonival Lucas (PTB-BA), Reginaldo Germano (PP-BA), Neuton Lima (PTB-SP), João Grandão (PT-MT), Cesar Bandeira (sem partido-MA), Almeida de Jesus (PL-CE), Júnior Betão (PL-AC), Edna Macedo (PTB-SP), Amaury Gasques (PL-SP), Vanderlei Assis (PP-SP), Paulo Feijó (PSDB-RJ), Nilton Capixaba (PTB-RO) e João Correia (PMDB-AC). A deputada Teté Bezerra (PMDB-MT) já havia sido indiciada em novembro do ano passado.

Eles devem responder a processo na Justiça comum, caso o Ministério Público Federal (MPF) ofereça denúncia, pois não se reelegeram em outubro e, portanto, ficaram sem foro privilegiado. A decisão final, no entanto, cabe ao STF.

Quatro dos indiciados foram absolvidos no Congresso. Correia, que chegou a fazer greve de fome pedindo para ser julgado, e Celcita foram absolvidos no Conselho de Ética da Câmara. O mesmo aconteceu com Suassuna, que recebeu apenas uma advertência do Conselho de Ética do Senado. Teté Bezerra foi inocentada pela própria CPI dos Sanguessugas, que investigou o esquema.

Não existe nada contra mim. A PF está envergonhada porque investigou e não encontrou nenhum indício¿, afirmou Correia ao Estado. Ele prometeu processar o empresário Luiz Antônio Vedoin - dono da Planam, principal empresa do esquema -, que fez as denúncias contra os parlamentares. O deputado atribuiu o fracasso nas urnas ao escândalo, que classificou como ¿linchamento público.

Uma assessora informou que Celcita estava em trânsito para Cuiabá. Ney Suassuna não foi localizado. Jonival Lucas e Neuton Lima foram contatados por meio de assessores em seus gabinetes na Câmara, mas não retornaram os telefonemas. A assessoria de Edna Macedo informou que ela estava incomunicável por causa de uma cirurgia. Reginaldo Germano, João Grandão, Cesar Bandeira, Almeida de Jesus, Amaury Gasques, Teté Bezerra, Paulo Feijó, Vanderlei Assis, Nilton Capixaba e Júnior Betão não foram localizados pela reportagem.