Título: BNDES vai financiar atividades sustentáveis
Autor: Rodrigues, Karine
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2007, Vida&, p. A27

Duas linhas de crédito para financiar atividades sustentáveis em distritos florestais e concessões de manejo florestal deverão ser criadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse ontem o presidente da instituição, Demian Fiocca, após reunião com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Segundo ele, o banco está em perfeito alinhamento com a visão do ministério, de associar desenvolvimento econômico à preservação do meio ambiente, e o apoio financeiro faz parte de um esforço governamental para redirecionar o que não está sendo bem feito, em vez de apenas impedir projetos.

A postura, liderada pela ministra, é não apenas vedar, fiscalizar e coibir o que não pode, mas também ajudar a construir alternativas de atividade econômica, só que de maneira ecologicamente responsável¿, declarou Fiocca, na sede do banco, frisando que o BNDES, seguindo uma determinação legal, não financia projetos sem licença ambiental. Precisamos combater as ilegalidades, mas criar alternativas de sustentabilidade¿, destacou Marina.

Eles trataram de forma mais específica de financiamentos para o distrito florestal de Carajás, no Pará, o segundo dos oito que o ministério vai criar até o fim do governo Lula - o primeiro fica na área de abrangência da BR-163, rodovia que liga Cuiabá a Santarém. Até dezembro, deverão ser criados o de Carajás e mais outro, na região oeste da Amazônia. Estão previstos distritos entre Rondônia e Acre, na caatinga, no cerrado, no Sul e no Estuário da Amazônia.

CARAJÁS

Estamos discutindo sobre o distrito de Carajás, que tem um passivo ambiental muito grande, afirmou a ministra, sobre a região onde está o maior pólo de produção de ferro do mundo, e onde atua a Companhia Vale do Rio Doce. Marina contou que o plano para o distrito é recuperar hectares degradados, com a plantação de 60% de floresta nativa e o restante de floresta exótica, que poderá servir de suprimento para a produção de carvão vegetal.

Segundo Fiocca, a idéia é que as empresas não apenas tenham florestas próprias, mas que comprem de pequenos produtores. Ele não detalhou as linhas de crédito, mas adiantou que os juros devem ser baixos, e considerou que o mais importante é a construção de um modelo, pois, disse, não haveria dificuldade para a obtenção dos recursos.

No caso do financiamento para manejo florestal, a idéia é repetir a experiência do setor de energia, na qual o banco anuncia, antes do leilão de uma concessão, as condições para o financiamento.

¿Há duas razões para isso: estimular que haja mais interessados em fazer esse manejo sustentável; e dar transparência, para que todos os que vão disputar a concessão tenham conhecimento igual de quais são os parâmetros financeiros do BNDES¿.

Marina comentou que o financiamento é muito importante, já que um distrito como o da BR-163 tem capacidade de geração de cerca de 100 mil empregos, possibilidade de geração de 400 megawatts de energia e arrecadação em torno de R$ 1 bilhão. ¿Tudo isso vai precisar de uma linha de crédito adequada¿, disse.