Título: Vale vai investir US$ 6,3 bi em 2007
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2007, Economia, p. B9
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) anunciou ontem um investimento de US$ 6,3 bilhões em 2007. É o maior volume de recursos da história da empresa em crescimento orgânico, isto é, sem levar em conta os valores pagos em aquisições. Do total previsto para este ano, US$ 1,5 bilhão serão desembolsados na subsidiária CVRD Inco Limited, criada após a aquisição da mineradora canadense Inco, negociação fechada no final do ano passado. A Vale também divulgou outra marca histórica, o pagamento de dividendos aos seus acionistas no valor de US$ 1,65 bilhão.
Do total a ser investido pela Vale este ano, US$ 4,6 bilhões, ou 72% do total, terão como destino o Brasil. Os 28% restantes, cerca de US$ 1,7 bilhão, serão desembolsados na África, Canadá, Indonésia e Nova Caledônia, uma possessão francesa na Oceania onde a mineradora brasileira tem uma mina de níquel chamada Goro, que ainda não está em operação.
Pela primeira vez para a empresa, os investimentos em minerais não ferrosos, de US$ 2,5 bilhões, serão maiores que os desembolsos na exploração de minério de ferro, de US$ 1,6 bilhão. De acordo com o presidente da Vale, Roger Agnelli, não se trata de uma mudança de foco. ¿A Vale tem reservas gigantes de minério de ferro, que será sempre a principal atividade da empresa¿, afirma o executivo, acrescentando que essa diferença ocorrerá porque os grandes projetos de minério de ferro já foram executados.
No ano passado, a Vale investiu US$ 4,5 bilhões em expansão e US$ 21,5 bilhões em aquisições, a principal delas a compra da Inco, que envolveu US$ 19 bilhões. Deste total, US$ 17,8 bilhões foram pagos pela mineradora canadense e US$ 1,2 bilhão é o valor da dívida líquida da Inco. Outras três aquisições foram realizadas pela Vale no ano passado: Caemi (US$ 2,4 bilhões), Rio Verde Mineração (US$ 47 milhões) e Valesul (US$ 27,5 milhões).
¿Espaço para novas aquisições existe, mas depende da oportunidade e, sem dúvida nenhuma, da qualidade do ativo. E depende também do mercado¿, avaliou Agnelli. O executivo, porém, considerou que a principal estratégia da mineradora, atualmente, é o crescimento orgânico.
PRODUÇÃO
Agnelli estima que a Vale deverá produzir ¿pouco acima¿ de 300 milhões de toneladas de minério de ferro, em 2007. No ano passado, a produção da mineradora foi de 264 milhões de toneladas. Como parte desse plano de expansão, o executivo disse que a idéia é ampliar em 30% a produção da mina de Carajás, no Pará, que passaria de um patamar de 100 milhões de toneladas por ano para 130 milhões de toneladas até 2008. O plano ainda deve ser analisado pelo conselho de administração da empresa.
Outro projeto da Vale é a construção de uma usina térmica em Barcarena, no Pará, alimentada com carvão. Segundo Agnelli, o objetivo é reduzir os custos do transporte de energia. Dentro desse plano, a Vale também tem estudado outras localizações estratégicas, como o Ceará, que conta com infra-estrutura portuária.
¿Em 2007, o grande foco nosso será nas áreas ambiental e social¿, afirmou Agnelli. Como parte desse esforço, o executivo anunciou um acordo com a BR Distribuidora para o fornecimento de 20 milhões de litros anuais de biodiesel. A partir do dia 29, esse combustível será usado na proporção de 2% do total de óleo diesel usado pela Vale em locomotivas, caminhões fora de estrada e geração de energia elétrica nas unidades da mineradora. ¿Sonhamos em utilizar perto de 30% de biodiesel¿, disse.