Título: Aliados apelam por renúncia de Aldo ou Chinaglia para impedir racha
Autor: Leal, Luciana Nunes e Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2007, Nacional, p. A8

Preocupados com a fratura da base governista por causa da disputa entre Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) pela presidência da Câmara, parlamentares aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram a se mobilizar ontem para evitar danos irreversíveis. O ex-ministro e deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE), eleitor de Aldo, pregou um acordo de última hora que levasse a apenas uma candidatura da base. Chinaglia e Aldo reiteraram, porém, que não desistirão da disputa, marcada para amanhã.

Estou muito preocupado. Se esta marcha da insensatez não for interrompida, nós da base do governo sairemos com prejuízo. Mas ainda temos dois dias e acredito em uma solução para o problema até a última hora, afirmou Ciro, embora tenha admitido que dificilmente haverá desistência a esta altura. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), quer preservar certa unidade da base pelo menos depois da eleição para não comprometer os interesses do governo a partir da noite de amanhã, quando o novo presidente da Câmara já estará escolhido.

Seja qual dos dois candidatos da base for derrotado, não acredito que ele abrirá mão de governar o Brasil por conta do resultado da eleição da Câmara. Não podemos aceitar que o dano para a base seja irreversível. Somos maduros para não colocar o acessório no lugar do fundamental. Se o programa do governo Lula der certo, vamos ganhar a próxima eleição presidencial com um candidato da base.

Chinaglia procurou minimizar as repercussões da disputa na relação futura da base. Me relaciono pela política e não pelo pessoal. Não posso crer que o PT, o PC do B e o PSB vão abandonar suas convicções programáticas e ideológicas por causa da disputa.

O debate anteontem na Câmara entre os três candidatos - Chinaglia, Aldo e Gustavo Fruet (PSDB-PR) - deixou claro a hostilidade entre o PT e o PC do B, partidos da base. Aldo chegou a dizer que a eventual vitória do petista seria negativa para a democracia, para o governo e para os partidos. Ele acusou o PT de querer concentrar o poder em suas mãos.

Aldo manteve as críticas ontem e não mostrou disposição para uma trégua após a eleição. ¿Fiz uma avaliação política do que é melhor para a democracia e para a Casa¿, afirmou. Não estamos aqui para avaliar o depois do dia 2 de fevereiro. Já não temos muita facilidade para analisar o dia 1º. O que posso dizer é que vou lutar muito pela minha eleição.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), lamentou que os governistas não tenham conseguido lançar um candidato único, mas concluiu que, no momento, é melhor não mexer mais. Para ele, no fim de semana já não haverá mais seqüelas. O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, também acha que as feridas serão rapidamente curadas. A base está coesa e vai trabalhar em conjunto em assuntos importantes como o PAC, afirmou o ministro, referindo-se ao Programa de Aceleração do Crescimento.