Título: 'Relatório é muito verdadeiro'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2007, Economia, p. B4
O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) disse ontem que o relatório da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda que aponta risco de o País enfrentar um novo apagão até 2010 é ¿muito verdadeiro¿.
Tourinho, que foi ministro de Minas e Energia de 1999 até fevereiro de 2001, disse que ¿é preciso reconhecer que o problema existe¿. O ex-ministro avalia que dois problemas, em especial, podem vir a comprometer o abastecimento de energia: a falta de gás natural e os atrasos na emissão das licenças ambientais de novas hidrelétricas. ¿Nenhum grande projeto novo de hidrelétrica foi feito no atual governo. A maior parte das usinas que entrou em operação veio do governo anterior¿, disse.
O relatório da Seae que alerta sobre do risco de um novo apagão caso a economia brasileira tenha um crescimento de mais de 4% ao ano até 2010 foi divulgado pelo Estado no domingo. Como reação, o Ministério da Fazenda divulgou na segunda-feira nota afirmando que o documento não refletia a posição do ministério. O ministro Guido Mantega disse que o documento estava ¿superado¿ e que não levou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em consideração.
Para Tourinho, entretanto, o governo está, sim, preocupado com o futuro do abastecimento de energia. E essa preocupação, disse, está refletida no PAC, que prevê investimentos de R$ 274,8 bilhões (de um total de R$ 503,9 bilhões) só para a área energética. ¿A grande preocupação do PAC é com a área de energia¿, salientou o ex-ministro.
A situação do setor elétrico também trouxe inquietação no setor empresarial, especialmente na indústria. ¿No primeiro mandato, o governo Lula não conseguiu avançar praticamente nada nos projetos de geração. Muitos ainda continuam na fase inicial¿, reclamou o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Luiz Gonzaga Bertelli, durante evento promovido pela entidade na capital paulista.
Na avaliação dele, a prioridade é conseguir destravar os problemas de meio ambiente e jurídico. ¿Esse excesso de zelo é um dos maiores entraves ao País.¿ O vice-presidente do Departamento de Infra-Estrutura da entidade, Saturnino Sérgio da Silva, afirmou que a entidade vai acompanhar de perto para ver se as obras estão ou não saindo do papel.
Entre os projetos vistos como primordiais para o curto prazo, na avaliação dos empresários, estão as plantas de Gás Natural Liqüefeito (GNL), que serviriam para aumentar a oferta do combustível no País e abastecer as térmicas para os momentos de maior escassez de água e também a rede de gasodutos. ¿Mas o problema é que no Brasil não temos segurança de que os cronogramas e projetos sejam cumpridos¿, reclamou Silva, reivindicando melhor execução dos projetos planejados pelo governo.