Título: Dilma descarta apagão em 2009
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2007, Economia, p. B4

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o governo não trabalha com nenhuma hipótese de apagão de energia em 2009 e não leva em consideração o relatório produzido pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, sobre o assunto.

O levantamento da Seae, revelado no domingo pelo Estado, aponta o risco de o País enfrentar um novo apagão se a economia crescer mais de 4% ao ano entre 2007 e 2010, como prevê o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na segunda-feira, o Ministério da Fazenda confirmou, em nota, a existência do relatório, mas o ministro da pasta, Guido Mantega, desautorizou o estudo e disse que o cenário mudou e que não há risco de apagão no País.

Durante visita ao Estádio do Maracanã, que está sendo reformado para a realização dos jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, a ministra Dilma - acompanhada pelo governador do Estado, Sérgio Cabral - disse que, com as obras previstas no PAC, há ¿suficiência¿ em energia além de 2010. ¿Uma posição dentro do Ministério de Minas e Energia diz que não corremos risco de apagão e o governo opta obviamente por dar força à opinião baseada na definição desse ministério e não na do Ministério da Fazenda¿, avisou a ministra.

Ela argumentou ainda que a Fazenda fez um estudo e Minas e Energia faz todo um controle de previsão de abastecimento de energia. ¿Temos hoje um conjunto de obras propostas que serão realizadas por meio do PAC e que vão permitir que a gente assegure um grau de suficiência do País em termos de energia além de 2010.¿

Em São Paulo, em evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, tentou tranqüilizar as centenas de empresários que se reuniram para cobrar clareza por parte do governo sobre a real situação do setor elétrico. ¿Esse estudo (da Seae) deve ter sido obra de algum estagiário que deu um `ctrl C ctrl V¿ (comandos usados no computador para copiar e colar textos) em reportagens publicadas anteriormente. Garanto que o estudo que temos é o mais qualificado¿, ironizou. ¿Criou-se um ambiente não compatível com a realidade.¿ Mas o executivo reconheceu que se o País crescer entre 4,5 e 5% haveria um déficit de 764 MW médios em 2010.

Ele garantiu, porém, que o volume poderá facilmente ser suprido no leilão de maio. Tolmasquim argumentou que 16.026 MW de energia foram inscritos para participar da disputa, sendo 85% referentes a novas usinas e 15%, de unidades já existentes, mas sem contrato de venda da eletricidade.

A maioria, 86%, é de usinas térmicas. Tolmasquim listou dezenas de obras que ficarão prontas até 2010 e reclamou: ¿Em 4 anos, acrescentamos 14.670 MW e dizem que não fazemos nada.¿ A resposta veio rapidamente de um dos palestrantes presentes ao encontro: ¿As usinas foram licitadas no governo anterior.¿