Título: Detectados 3 focos de aftosa na Bolívia
Autor: Cafundó, José Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2007, Economia, p. B5

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) informou ontem que já são três os focos de febre aftosa na Bolívia, e o vírus está se espalhando com grande velocidade. Respondendo à consulta do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC ), José Leopoldo Naranjo, do Centro Panamericano de Febre Aftosa, disse que, na Bolívia, foram constatados focos da doença em Canãdas, Swist Current e Porisaqui. Entre as duas primeiras cidades, que são comunidades religiosas menonitas, há uma distância de 200 quilômetros, o que indica a alta velocidade de expansão do vírus.

Segundo Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte, o melhor que o governo brasileiro deve fazer agora é assumir a vacinação de todo o rebanho boliviano, além de comandar a contenção dos focos.

Nogueira explicou que a Bolívia tem 8 milhões de bovinos, o que equivale a apenas 4% do rebanho brasileiro. O custo de vacinação do rebanho boliviano seria de R$ 3,6 milhões ( cada vacina custa R$ 0,90), e seria muito mais barato do que controlar eventuais focos no território brasileiro. Ele disse que só para controlar os últimos focos da doença em Mato Grosso do Sul e no Paraná foram gastos R$ 34 milhões em abates e indenizações aos pecuaristas.

James G. Butter, presidente do Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA) e ex-subsecretário de Agricultura dos Estados Unidos, disse ontem em São Paulo que a ocorrência de aftosa na Bolívia ¿preocupa muito¿ o seu país, onde a doença foi erradicada há 76 anos. Ele citou estudos da Universidade do Arizona, segundo os quais o prejuízo seria de US$ 50 bilhões se a aftosa atingisse o rebanho americano. ¿O prejuízo aumentaria US$ 3 milhões a cada hora de atraso na ação de combate ao vírus.¿

MUDANÇA DE REGRAS

O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) do Rio Grande do Sul não chegou a uma conclusão sobre a possível mudança da norma que restringe a entrada de gado e subprodutos de outros Estados. O Fundesa vai aguardar a recomendação conjunta que técnicos do Ministério e da Secretaria da Agricultura apresentarão amanhã.

Os produtores pedem cautela antes de qualquer mudança. O Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado pediu a autorização para a entrada de carne com osso de Rondônia, Acre e Santa Catarina como forma de amenizar a falta de matéria-prima causada pela entressafra e pelas restrições ao produto de fora do Estado.