Título: Cresce a parcela de estrangeiros em títulos públicos
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2007, Economia, p. B3

Os estrangeiros compraram R$ 22,3 bilhões em títulos da dívida interna brasileira no ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. A participação dos recursos externos na dívida interna brasileira saltou de R$ 8,9 bilhões no fim de 2005 para R$ 28,8 bilhões no ano passado - o equivalente a 2,64% do estoque.

O incremento foi resultado da edição da Medida Provisória 281, que isentou de Imposto de Renda os ganhos dos estrangeiros na aquisição de papéis brasileiros. Só após a edição da MP, em março, ingressaram R$ 20 bilhões no mercado brasileiro. O resultado foi comemorado pelo governo.

Mas, se de um lado houve um aumento do capital estrangeiro em papéis da dívida interna, de outro caiu em R$ 34 bilhões a quantidade aplicada por investidores internacionais em títulos da dívida externa brasileira. Considerando os dois movimentos, houve uma redução de R$ 11,7 bilhões no total da dívida em poder de estrangeiros.

Para o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle, essa redução dos estrangeiros não significa um menor ¿apetite¿ dos investidores pelos títulos brasileiros. Ao contrário, disse ele, a demanda tem aumentado, o que está garantindo a redução das taxas de juros pagas pelo Tesouro.

O coordenador de operações da dívida pública, Ronnie Tavares, ressaltou ainda que a queda não é relevante dado o tamanho do estoque total de R$ 1,23 trilhão da dívida em títulos (interna e externa) do governo federal. Ele também admitiu que é possível que o custo para o Tesouro das emissões de títulos da dívida interna, em 2006, tenha sido maior do que nas captações externas.

Na avaliação do Tesouro, a tendência é de crescimento no ritmo da compra de títulos públicos da dívida interna por investidores estrangeiros. ¿A participação de estrangeiros ainda é baixa e o governo vê benefícios nesse aumento de investimentos externos em títulos da dívida interna¿, afirmou ele. No México, lembrou Valle, essa participação é hoje em torno de 10%.

O secretário previu que o Brasil deve atingir o grau de investimento das agências de rating ainda no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele evitou fazer prognósticos se isso já poderia ocorrer até o fim deste ano, apenas informou que há analistas que já apostam nesse sentido. ¿Recebemos recentemente dois representantes de bancos estrangeiros que avaliam que o grau de investimento vai chegar ainda este ano¿, afirmou.