Título: Petista repudia 'ataques injustos' à Casa e avalia que 'página da crise está virada'
Autor: Madueño, Denise e Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2007, Nacional, p. A6

Antes de ter sido eleito presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) deu sinais claros, em discurso aos colegas, de que quer enterrar os escândalos que marcaram a legislatura passada e o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o mensalão e os sanguessugas.

Chinaglia indicou também que, como presidente, não se esforçará para reabrir processos de cassação de mandato dos suspeitos de envolvimento com o mensalão que renunciaram e, eleitos, voltaram à Câmara. 'A página da crise está virada, é da legislatura passada. Não podemos admitir que um deputado que não tem nada a ver com a crise seja caracterizado (como suspeito) por outro deputado.'

O atual presidente da Câmara também repudiou 'ataques injustos' ao Legislativo. 'Aceitaremos todas as críticas, exceto as injustas, que atacam indevidamente a instituição. Não temos que ter medo da crítica, mas não vamos assistir passivamente a ataques injustos', afirmou o petista.

Dois deputados que renunciaram após serem acusados de envolvimento no esquema do mensalão se elegeram: Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Paulo Rocha (PT-PA) - que fizeram campanha para Chinaglia. Trabalharam ainda pela candidatura do petista alguns dos inocentados pelo plenário da Câmara no processo de cassação, como João Paulo Cunha e José Mentor, ambos do PT de São Paulo.

Na ação que cassou o mandato do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), Chinaglia foi sua testemunha de defesa, assim como o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP) e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

PROMESSA

Ao longo de sua gestão na presidência da Câmara, no biênio 2007-2008, Chinaglia terá oportunidade de pôr em prática a promessa de garantir autonomia do Legislativo.

Líder do governo na Câmara no último ano e meio, o petista foi contundente no discurso: 'Quem disse que o governo manda aqui?'

E insistiu: 'Quem disse que o Executivo é superior ao Legislativo? Quem disse que o Judiciário tem poder de legislar?'

Declarou ainda que não pode 'conceber um Parlamento acuado, pautado por quem quer que seja que não sejam os interesses do povo'.