Título: Renan diz que 'afeto' de seus companheiros lhe deu a vitória
Autor: Samarco, Christiane e Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2007, Nacional, p. A8

Candidato do Planalto, de quem foi aliado durante toda a sua primeira gestão, Renan Calheiros (PMDB-AL) passou a fase final de campanha insistindo num discurso de independência com relação ao governo. Ontem, quando venceu a eleição e assumiu a presidência do Senado por mais dois anos, ele manteve essa posição.

Renan centrou seu discurso de posse na defesa da independência do Congresso e na crítica ao excesso de medidas provisórias editadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegaram a trancar 71% das sessões de votação realizadas entre 2004 e 2006. Embora sua candidatura tivesse apoio do governo e da base aliada, Renan disse que sua vitória não é fruto da preferência palaciana, mas do 'afeto' que ele sempre dedicou aos companheiros. A seguir, a entrevista:

A que o senhor atribui sua vitória?

Eu sempre disse que, na vida, o efetivo é o afeto. A decisão foi em função do afeto e do respeito que sempre colhi e dei aos meus companheiros.

A derrota de José Agripino Maia (PFL-RN), da oposição, facilita a vida do governo no Senado?

O resultado da eleição fortalece o Parlamento como caixa de ressonância da sociedade e uma das exigências da sociedade é a governabilidade e a sustentabilidade política.

O que vai mudar na relação do Senado com o governo na sua nova gestão como presidente?

Tudo continuará como está. O Congresso é um Poder autônomo, independente. Terei, como presidente do Senado, a relação institucional que sempre tive com o governo, em igualdade de condição e respeito. Vou conversar com todos os partidos para buscar a concórdia. O entendimento que marcou meus dois primeiros anos no comando será também a marca do segundo biênio.

Qual é sua prioridade para os próximos dois anos?

A prioridade é fortalecer o Legislativo, sua independência, e fazer com que haja interação cada vez maior com a sociedade, para que o Congresso atue em sua plenitude e cumpra seu papel na democracia, em favor do crescimento econômico, de mais segurança para os brasileiros e de mais justiça social.

Ao comentar a derrota, seu adversário o acusou de contar com 'favores do governo'...

Não acredito que quem fez uma disputa com tanta fidalguia possa dizer isto. Foi uma disputa leal, civilizada. A lógica indicava que o maior partido deveria apontar o presidente e foi isto que acabou prevalecendo. A TV Senado foi instalada em mais três cidades e eu tive o cuidado de não comparecer à inauguração para não parecer que estivesse fazendo campanha.