Título: 'Se fui contra a cassação, como não ser favorável à anistia?'
Autor: Macedo, Fausto e Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2007, Nacional, p. A4

Depois de passar o fim de semana ao lado de José Dirceu, no encontro promovido pelo Campo Majoritário do PT, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, declarou ontem apoio ao ex-ministro da Casa Civil na sua tentativa de recuperar os direitos políticos neste ano.

Marco Aurélio preferiu desconversar sobre as críticas do deputado cassado ao Banco Central a defender o governo Lula e negou que haja um racha no PT. Atribuiu à imprensa a polêmica em torno da carta do ministro Tarso Genro, que faz duras críticas ao partido. 'É factóide da imprensa, interessada num Fla x Flu'. Para ele, a 'paulistização do PT' é bobagem.

O senhor apóia um projeto para anistiar José Dirceu?

Eu conversei com ele e ele disse que não está preocupado em colocar na ordem do dia isso. Quando o projeto vier, é claro que eu apóio. Se fui contra a cassação dele, como não posso ser favorável à anistia?

Como viu as críticas de Dirceu ao Banco Central?

São críticas dele. Muitos outros têm. Nenhum problema.

O senhor concorda com a carta que está sendo elaborada pelo ministro Tarso Genro, que propõe a refundação do PT e diz que o partido não superou a crise ética?

O ministro tem todo o direito de expressar seus pontos de vista. Somos um partido muito democrático. Pode nos criticar de muitas coisas, menos disso.

Houve comentários de que o senhor daria uma resposta a Tarso.

Um blog me atribuiu um documento de resposta. Quero dizer que quando me atribuíram isso eu nem tinha lido a carta.

O senhor já leu?

Li e vou ter uma interlocução com ele, que é um grande quadro do partido. Não há essa oposição. Eu tenho excelentes relações com o ministro Tarso Genro. Pode haver divergências, pessoas que têm tal ou qual opinião, mas de maneira nenhuma queremos transformar isso num campeonato.

Não haverá um documento de resposta a Tarso dessa reunião do Campo Majoritário?

Isso aí é factóide da imprensa, interessada num Fla x Flu ou Corinthians x São Paulo.

O senhor é a favor da tese de refundação do partido?

A tese não foi discutida aqui. Até porque ainda não está concluída. Eu sei que durante essa semana será divulgado um documento, coisas com as quais não estou de acordo. Mas isso é normal.

Que tipo de documento sairá desse debate de três dias?

Deve sair um manifesto. Tivemos a oportunidade de estudar várias contribuições e isso vai se traduzir nas teses com as quais vamos entrar no debate no 3º Congresso do PT.

Qual a sua avaliação da vitória do deputado Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara?

O PT e o País saíram fortalecidos. O Chinaglia não integra o Campo Majoritário. Ele é do Movimento PT. Foi um bom resultado para o País e para a coligação de governo.

O PT paulista mais do que o PT saiu fortalecido com a vitória de Chinaglia?

A vitória fortalece o PT em geral. O fato de ser eleito deputado por São Paulo é um acidente. Essa questão de paulistização do PT é uma grande bobagem. O PT é um partido nacional que ganhou força inclusive no Norte e no Nordeste.