Título: Iraque não vai mudar da noite para o dia, diz general
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2007, Internacional, p. A9

No dia seguinte ao atentado que matou 135 pessoas num mercado em área xiita de Bagdá, oficiais do governo iraquiano cobraram do primeiro-ministro Nuri al-Maliki o anúncio de plano de segurança prometido para janeiro. Mas, segundo o general William Caldwell, porta-voz do Exército americano no Iraque, o plano não vai produzir resultados da noite para o dia. ¿As pessoas devem ser pacientes para dar ao governo e às forças de coalizão a chance de implementar os reforços¿, disse. O general refere-se aos 21.500 soldados que reforçarão as tropas dos EUA no Iraque, que somam hoje 130 mil. ¿Vai demorar algum tempo para que as tropas adicionais estejam alinhadas para combate.¿

Em meio à onda de violência, 25 pessoas foram mortas ontem em Bagdá, vítimas de atentados a bomba, ataques a tiros e confrontos entre rebeldes e forças de segurança. Só na última semana, o número de vítimas chegou a mil. Entre elas, 21 americanos que estavam dentro de quatro helicópteros abatidos por terroristas nos últimos 15 dias, baixas confirmadas oficialmente ontem. Segundo o general Caldwell, os militares americanos estão ajustando táticas e procedimentos durante vôo - já que o número de incidentes é alto para o curto período de tempo. Os ataques, feitos por terra, levantaram questões sobre novas táticas e sofisticação de armamento dos guerrilheiros.

Seguindo a mesma linha de Caldwell, o novo comandante militar no Iraque, o general David Petraeus, advertiu que ¿os problemas do Iraque são sistemáticos e não serão resolvidos no primeiro mês de sua chegada¿ e os autores da nova estratégia para o país condicionam o sucesso da investida a uma série de reformas políticas e econômicas.

Entre elas o realinhamento da política do governo Maliki e a liberação de US$ 10 bilhões da reserva iraquiana para investimentos na criação de empregos e na reconstrução imediata (direcionados até mesmo aos rivais sectários). Mas como as ações dos governos dos EUA e do Iraque ainda não foram esclarecidas, os mentores manifestam pouca confiança na eficácia do plano.