Título: Bush quer mais US$ 245 bilhões
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2007, Internacional, p. A21

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pedirá ao Congresso a liberação de mais US$ 100 bilhões para operações militares e diplomáticas no Iraque e Afeganistão em 2007 e mais US$ 145 bilhões para o ano seguinte.

Segundo um funcionário do governo que não quis ser identificado, o pedido será encaminhado na segunda-feira, quando a Casa Branca apresentará a proposta de orçamento para o ano fiscal que começa em 1º de outubro. O valor elevaria o investimento dos EUA em guerras em 2007 para US$ 170 bilhões - o Congresso já havia aprovado US$ 70 bilhões, em setembro. Para 2009, a Casa Branca prevê um gasto de US$ 50 bilhões, pois considera que a situação no Iraque estará sob controle.

O pedido do governo terá de passar ainda por uma avaliação rigorosa do Congresso, atualmente dominado pela oposição democrata que tenta bloquear os planos de Bush de enviar mais soldados - e a ampliação do orçamento para isso - no Iraque. Anteontem, dois senadores (um democrata e um republicano) apresentaram um documento criticando as novas estratégias da Casa Branca, e a Comissão de Relações Exteriores do Senado já havia aprovado uma moção no mesmo sentido.

A solicitação do governo por mais verba para guerras vem à tona no mesmo dia em que o Conselho Nacional de Inteligência divulga um relatório que traz uma panorama sombrio sobre a situação no Iraque. Formado por 16 agências americanas de espionagem, a organização afirmou que a violência sectária entre xiitas e sunitas no país supera a ameaça da Al-Qaeda e é, atualmente, a principal ameaça aos planos dos EUA.

O documento - entregue ontem ao Congresso - também alerta para as conseqüências de uma rápida retirada das forças dos EUA, que resultaria na ¿morte maciça de civis¿. A medida também poderia incentivar uma intervenção de países vizinhos, ¿deixando o governo numa situação em que dificilmente sobreviveria¿.

A capacidade das autoridades iraquianas também foi posta em xeque pelo grupo: ¿Apesar dos recentes avanços, eles precisam se esforçar muito nos próximos meses para combater as milícias rebeldes¿.

A organização conclui que ¿alguns elementos do conflito podem ser considerados como guerra civil¿, tais como o aumento da violência sectária e o deslocamento de milhões de iraquianos, fugindo da guerra. Ainda assim, afirma que ¿o termo guerra civil não engloba toda a complexidade do conflito¿. A Casa Branca evita classificar a situação no Iraque como guerra civil, temendo que isso seja entendido como uma admissão de fracasso e acabe incentivando as pressões pela retirada das tropas.

Depois de Bush e de Nicholas Burns (subsecretário de Estado dos EUA), ontem foi a vez do secretário de Defesa, Robert Gates, negar que os EUA invadirão o Irã. ¿Estamos tentando frear os ataques dos iranianos aos nossos soldados no Iraque, mas não estamos planejando uma guerra contra Teerã¿, afirmou Gates.