Título: 'Há muito que fazer', admite ministra
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2007, Vida&, p. A27

Ao comentar os resultados do relatório sobre aquecimento global, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, procurou enfatizar a redução do ritmo do desmatamento no País, o que teria evitado, nos últimos dois anos, a emissão na atmosfera de 430 milhões de toneladas de gases responsáveis pelo efeito estufa. Apesar da redução, Marina admite que há ainda muito a ser feito. Uma das formas de garantir a queda do desmatamento, afirmou, seria a adoção internacional de mecanismos para incentivo para países preservarem suas florestas. Uma espécie de crédito de carbono florestal.

Marina disse também que não é o momento de países procurarem culpados para o aquecimento global. ¿Não é mais adequado que países fiquem empurrando a responsabilidade uns aos outros. O ideal agora é que todos os setores procurem dar a sua contribuição¿, afirmou. Indiretamente, ela se defendeu das acusações históricas de que o desmatamento da Amazônia seria um dos grandes responsáveis pelo aquecimento. Ela observa que 20% dos gases que causam efeito estufa são fruto do uso e de alterações do uso da terra - neste último caso, derrubadas de árvores e queimadas. ¿Deste total, 12% está ligado à realidade brasileira. Mas é preciso observar que, mesmo se fizéssemos toda nossa lição de casa, países desenvolvidos continuariam a colaborar com 80% das emissões. E nossas florestas seriam prejudicadas.¿

Para a ministra, o relatório confirma que desenvolvimento não pode ocorrer sem o respeito ao meio ambiente. ¿Esta é uma questão nova no País. Mas hoje sabemos que desenvolvimento e ambiente têm de caminhar juntos. Principalmente no caso do Brasil, onde 50% do PIB depende da biodiversidade.¿