Título: Economistas da UFRJ revisam previsão de alta do PIB para 4%
Autor: Caminoto, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2007, Economia, p. B6

O Instituto de Economia (IE) da UFRJ vai rever para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A expectativa de expansão, que era de 3,8% antes do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deverá ser reajustada para acima de 4%. A avaliação é que o programa e estímulos fiscais por parte do governo darão impulso adicional ao crescimento econômico do ano.

O cenário foi traçado pelo coordenador do grupo, Antonio Licha. Segundo o economista, a projeção atual havia sido feita em dezembro, antes do anúncio das medidas de aceleração do crescimento. A previsão do IE/UFRJ já estava acima da média do mercado de 3,5%, captada pelo Focus, boletim semanal do Banco Central (BC). O boletim é feito com base em pesquisa de instituições financeiras. 'Acho que o mercado está sendo pessimista em relação ao crescimento', diz Licha.

O economista aposta que as próprias projeções médias captadas pela pesquisa deverão ser progressivamente reajustadas para cima, a partir de semana que vem. De forma geral, Licha explica que a economia chegou ao último trimestre do ano com um crescimento em torno de 3,7%, comparado ao início do ano passado. Segundo ele, a previsão média de crescimento de 3,5% se concretizaria apenas se o ritmo em que a economia chegou ao fim de 2006 enfraquecesse, o que ele não espera.

A demanda no ano que vem será favorecida, prossegue o economista, pela trajetória cadente dos juros, continuidade da expansão do crédito, elevação da massa salarial e manutenção da taxa de câmbio real. Licha estima que a desvalorização do câmbio deverá ficar em torno de 4%, mas a inflação manterá a taxa real de câmbio (descontada a variação de preços) no mesmo nível. Com isso, ele não acredita que as exportações vão contribuir de forma tão negativa para o desempenho do PIB, como no ano passado.

Para o economista da MB Associados, contudo, o PAC não terá tanta influência assim e a expectativa de expansão para o crescimento econômico deste ano gira em torno dos 3%. 'Não acreditamos que o PAC tenha algum efeito concreto este ano pelo menos. O que vai continuar tendo efeito positivo, e o PAC reforça isso, é a construção civil. Este deve ser o setor que trará bons resultados para o PIB. O restante de investimento público depende de licitações e votações no Congresso que podem atrasar o andamento dos programas.'

Na visão do IE/UFRJ, o crescimento mais forte projetado para este ano não deverá produzir pressão inflacionária. 'Pode ser que a partir de 2008 comece a haver esse problema, mas não parece que isso vá ocorrer em 2007', afirma o economista. Caso a inflação suba em 2008, provavelmente a política monetária deverá se tornar restritiva, coisa que não acredita que ocorra este ano.