Título: 'Autonomia do BC é suficiente'
Autor: Caminoto, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2007, Economia, p. B6

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem, em entrevista à BBC Brasil, que o Banco Central (BC) tem trabalhado com 'total independência' nos últimos quatro anos e não houve 'nenhuma interferência política' nas decisões da política monetária. 'Até em alguns momentos as autoridades do Executivo achavam que as taxas estavam mais elevadas do que deveriam ser, mas o BC teve autonomia para determinar as taxas', disse Mantega.

O ministro praticamente descartou a concessão de autonomia operacional para o BC no segundo mandato do presidente Lula. 'O BC goza hoje de uma autonomia que nunca teve na história do País e é suficiente para garantir que não haja interferência política na determinação da taxa de juros.'

Mantega salientou que quem determina a meta de inflação é o Conselho Monetário Nacional (CMN), presidido por ele. 'Então, o BC tem autonomia de instrumentos, mas não de objetivos. O objetivo a ser alcançado é determinado pelo CMN, que fixa a meta a ser atingida.'

Segundo o ministro, o Banco Central tem autonomia para usar as taxas de juros que 'achar conveniente' para atingir o centro da meta inflacionária. 'E funciona bem desta maneira.' Questionado novamente sobre a mais recente decisão do Copom, que diminuiu o ritmo do corte na Selic para 0,25 ponto percentual, Mantega observou que a taxa vem caindo há mais de um ano consecutivo.

'Uma redução de 0,25 ponto não é um valor desprezível', disse. 'Quando o Fed (Federal Reserve) aumenta 0,25, o mundo todo treme, quando abaixa todos ficamos felizes. Como a taxa está agora num patamar menor, hoje, se passamos de 13,25% para 13%, é quase equivalente a meio por cento sobre 19% ou 20%.'

Mantega disse que a política monetária está no caminho certo. 'A taxa (Selic) deve continuar sendo reduzida, porque as condições são favoráveis. A inflação está sob controle, vai ser fácil alcançar a meta de 4,5% de inflação para 2007.'

A economia brasileira poderia crescer 'só com aumento de consumo, estimulando crédito, flexibilizando a política monetária, mas não seria crescimento equilibrado', disse o ministro. Segundo ele, com o crescimento estimulado pelo aumento do investimento previsto pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 'aumenta a oferta atrás da demanda, então não há perigo de aumento da inflação'.