Título: Custo total chegaria a US$ 2 tri
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2007, Internacional, p. A12

O orçamento militar do Brasil, valores previstos para 2007, deve chegar a R$ 39 bilhões. Em dólares, equivale ao que o governo americano gasta em 47 dias de guerra no Iraque e Afeganistão. Na prática, é ainda menos que isso. Do total, os Comandos Militares deverão tirar a folha de pagamento, aposentadorias e as pensões. Vão sobrar, se tudo correr bem e o contingenciamento não vier a comprometer os programas, cerca de R$ 9 bilhões para investimentos, serviços e despesas gerais, mais ou menos 4,2 bilhões de dólares. Nada que se aproxime do formidável orçamento do Pentágono, US$ 624,6 bilhões para o ano fiscal de 2007 a 2008.

Só para os conflitos, a administração Bush está destinando US$ 245 bilhões de acréscimo aos US$ 100 bilhões de suplementação autorizados no fim do ano passado.

A escalada do custo da guerra para os cofres americanos pode ser ainda maior. Os pesquisadores Joseph Stiglitz, da Universidade de Colúmbia e Linda Bilmes, de Harvard, acreditam que a conta certa chegue a US$ 2 trilhões. Bilmes diz que o Congresso olha para as despesas de forma linear e fixa, sem considerar projeções de despesas futuras. Ela cita como exemplo os 42 mil caminhões em uso no Iraque nesse momento, tratados na proposta orçamentária pelo seu preço de compra - e sem as previsões para peças, componmentes, pneus e manutenção. A economista especula, com ironia, que, ¿apresentando defeito ou quebra, esses veículos serão trocados por outros, sem sofrer um confiável conserto, na melhor tradição americana¿.

OUTRAS GUERRAS

Em números absolutos a máquina militar americana em ordem de batalha, custou, em média, US$ 600 bilhões na Coréia, no início dos anos 50. Isso representou 14% do Produto Interno Bruto (PIB) da época.

Mais outro tanto foi desembolsado no Vietnã, de meados dos anos 60 até o final da luta, em 1975 - totalizando 9% do PIB, de acordo com o Centro de Estudos do Orçamento, de Washington. As guerras do Iraque e Afeganistão custam muito mais, cerca de US$ 10 bilhões por mês. Mas essa soma gigantesca significa apenas 1% dos US$ 13 trilhões do PIB atual dos EUA.

O Pentágono vai gastar suas verbas na expansão, treinamento e equipamento de tropas especializadas; no programa do super caça F-22 Raptor, provavelmente o avião de combate mais avançado jamais construído e em novas tecnologias. Duas delas: jatos 747 dotados de canhões laser para derrubar mísseis intercontinentais durante o vôo; novos blindados, que podem trocar de couraça e de armamento de acordo com a exigência de cada missão. Poder de fogo sob medida.