Título: Bush pede US$ 624 bi para militares
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2007, Internacional, p. A12
O presidente americano, George W. Bush, enviou ontem ao Congresso uma proposta orçamentária de US$ 624,6 bilhões destinados a gastos militares, incluindo US$ 145 bilhões para os conflitos no Iraque e no Afeganistão. O valor integra um plano de orçamento de US$ 2,9 trilhões (cerca de R$ 6 trilhões) para o ano fiscal de 2008, que começa em 1º de outubro deste ano. Para efeito de comparação, o PIB brasileiro equivale a menos de US$ 1 trilhão.
A proposta tem agora de passar pelo Congresso - um desafio para a Casa Branca, uma vez que a Câmara e o Senado são atualmente controlados pela oposição democrata. Logo após sua divulgação, a proposta de orçamento foi duramente criticada pelos democratas.
A oposição também reclamaram dos cortes de US$ 66 bilhões em programas de saúde para idosos e US$ 12 bilhões em projetos para a população de baixa renda.Além desses cortes, não estão previstos aumentos de verba na área educacional.
¿A proposta é assombrosa¿, opinou o deputado democrata Ike Skelton, presidente da Comissão das Forças Armadas da Câmara. ¿O plano está fora da realidade e continua a levar os EUA na direção errada¿, afirmou outro democrata, o presidente da Comissão de Orçamento do Senado, Kent Conrad.
Os gastos militares para 2008 (que fazem parte do valor total de US$ 2,9 trilhões) incluem, além dos US$ 145 bilhões destinados às guerras (para despesas como salários dos militares e manutenção de equipamentos), cerca de US$ 480 bilhões para os demais gastos do Departamento de Defesa. Os recursos para o Pentágono aumentaram 62% em relação a 2001, quando Bush assumiu o poder. As operações de grande escala no Afeganistão começaram nesse mesmo ano e no Iraque, em 2003.
O orçamento global é 4,9% superior ao do ano fiscal de 2007 - de US$ 2,78 trilhões. Desse total, foram destinados ao Pentágono US$ 600,3 bilhões.O plano do governo apresentado ontem também prevê os gastos militares para os dois próximos anos. Além dos US$ 93,4 bilhões de verba extra para este ano e os US$ 145 bilhões para 2008, foram previstos mais US$ 50 bilhões para 2009, sob a perspectiva de que os conflitos no Iraque e no Afeganistão já estarão controlados.
Apesar da pressão sobre o governo, os críticos da guerra sofreram ontem uma derrota: a resolução bipartidária que repudiava a decisão de Bush de enviar mais 21.500 soldados ao Iraque não foi aprovada. Ela precisava de 60 dos 100 votos para passar e ser discutida, mas obteve apenas 49. A proposta não tinha o poder de vetar o envio, mas sim de pressionar politicamente o governo.
No momento em que Bush divulgava seu orçamento, tropas iraquianas e americanas começavam a pôr em prática o novo - e esperado - plano de segurança em Bagdá, montando postos de controle nas principais entradas da cidade.
NÚMEROS
624,6 bilhões de dólares é a previsão de gastos do Pentágono para o ano fiscal de 2008
39 bilhões de reais é o orçamento militar total do Brasil para 2007, do qual deve sair ainda o pagamento de soldos do pessoal da ativa, aposentadorias e pensões
66 bilhões de dólares é o corte previsto para os gastos com programas de saúde para idosos nos EUA
12 bilhões de dólares de projetos para assistência à população de baixa renda serão cortados no orçamento americano de 2008
600 bilhões de dólares, em números atualizados, foram gastos pelos EUA na Guerra da Coréia - correspondente a 14% do PIB na época
9% do PIB dos Estados Unidos foram gastos na Guerra do Vietnã