Título: CNI espera taxas 'importantes' em janeiro
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2007, Economia, p. B4
A atividade industrial deve continuar em expansão no início de 2007, mantendo a tendência do segundo semestre de 2006. A avaliação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que espera indicadores ¿importantes¿ já em janeiro.
O economista-chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, projeta um aumento dos investimentos neste ano, com base nos últimos indicadores de Formação Bruta de Capital Fixo (que mede os investimentos) e no desempenho da indústria de máquinas e equipamentos.
¿Ainda não é o que se deseja, mas é um sinal positivo¿, disse Castelo Branco. ¿Houve um processo de investimento moderado nos últimos meses de 2006, que deve continuar em 2007. As restrições ainda não foram ultrapassadas. O câmbio ainda é um entrave para as exportadoras porque se estabilizou em um patamar muito baixo.¿
A CNI não vê risco de pressão inflacionária em caso de aumento de demanda, tendo em vista que a utilização da capacidade instalada fechou 2006 em 82%. Para Castelo Branco, os números de 2006 não justificam o temor do Banco Central (BC), que na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu o ritmo de queda dos juros básicos (Selic).
¿A estabilidade na utilização da capacidade instalada mostra que podemos crescer sem causar tensões nos mercados¿, disse ele. Para o economista, a decisão do Copom está mais ligada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). ¿Esta é a análise que fizemos e todos os analistas estão fazendo. O gasto público cresceu em 2006 e há indicações de crescimento em 2007, o que deveria ser evitado. Talvez seja essa a razão de um corte mais moderado¿, argumentou.
Segundo dados divulgados ontem pela CNI, o aumento da renda das famílias, a oferta de crédito com juros mais baixos e a estabilidade no câmbio contribuíram para o desempenho da indústria no quarto trimestre de 2006. O crescimento das vendas em dezembro, de 2,92% ante novembro, é o maior desde agosto de 2004.
Por outro lado, o número de horas trabalhadas, que indica o ritmo da produção, praticamente se estabilizou, após meses de altas. Segundo a CNI, ¿a combinação de aceleração do ritmo de crescimento das vendas e a acomodação das horas trabalhadas indica queda de estoques, o que cria uma percepção positiva para a atividade industrial no início de 2007¿.
No ano, as vendas apresentaram alta de 1,72% ante 2005, enquanto as horas trabalhadas subiram 1,8%. ¿As vendas devem ter crescimento moderado em 2007, mas um pouco mais forte que em 2006¿, disse Castelo Branco. Já o número de empregos na indústria subiu 2,21% na comparação com 2005, uma taxa de crescimento inferior aos dois anos anteriores. Ainda assim, a CNI projeta que um quadro favorável para o emprego em 2007.