Título: Indústria cresce só 2,8% no ano, mas sinal é de reação moderada em 2007
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2007, Economia, p. B4

A produção industrial perdeu ritmo em 2006, mas aponta para reação em 2007. A indústria fechou o ano com expansão de 2,8%, revelou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE). O câmbio foi a principal causa do crescimento inferior ao de 2005 (3,1%) e de 2004 (8,3%). Para este ano, a projeção é de expansão de 4%, apoiada especialmente na expectativa de continuidade na queda dos juros.

Isabella Nunes, gerente de Análises e Estatísticas da Coordenação de Indústria do IBGE, acredita que não houve desaceleração na produção industrial de 2005 para 2006. Para ela, o ano passado foi de ¿melhor qualidade¿ para o setor industrial. O argumento é que o índice de difusão da indústria mostra que, dos cerca de 750 itens investigados, 54,6% registraram crescimento na produção em 2006, ante 49,7% em 2005.

A economista adiantou que os dados setoriais já divulgados, relativos a janeiro, aliados aos de dezembro, mostram que no início de 2007 ¿há um cenário positivo¿ para a produção da indústria. Mas o instituto não faz projeções de desempenho para o setor.

Estêvão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, não considerou os dados de dezembro reveladores de um ganho de ritmo forte da indústria, mas ainda assim avalia que 2007 será um ano melhor que 2006 para o setor.

Segundo ele, o Ipea, que previa exatamente o crescimento de 2,8% apurado pelo IBGE na produção industrial no ano passado, estima uma expansão de 4% para 2007, puxado pela continuidade da queda dos juros e por um nível de estoques ¿adequado¿ na indústria.

O Banco Central (BC) também trabalha com a perspectiva de aumento de 4% na produção este ano e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) considera ¿factível¿ alcançar essa estimativa. O economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira, disse que a confirmação dessa expansão dependerá, entretanto, da continuidade do ritmo de queda dos juros.

Em dezembro, a produção cresceu 0,5% ante o mês anterior, na terceira expansão consecutiva nessa base de comparação. Ante dezembro de 2005, houve crescimento de 0,4%. Mas, segundo Isabella, o fraco desempenho ante igual mês do ano anterior ¿foi muito influenciado pelo efeito pontual¿ de menos dois dias úteis neste mês no ano passado, em relação a igual mês do ano anterior.

Isabella destacou também, como dado auspicioso para o desempenho da indústria no início de 2007, o resultado em dezembro do índice de média móvel trimestral, considerado principal indicador de tendência.

Esse índice vem registrando crescimentos consecutivos há nove meses, desde abril de 2006. Houve crescimento de 0,7% na produção no trimestre encerrado em dezembro, ante o terminado em novembro, o maior aumento apurado desde dezembro de 2005.

Ela destaca que os principais impactos positivos para a indústria em 2006 foram o aumento da massa salarial, estabilidade no mercado de trabalho e ampliação das linhas de crédito. ¿Não houve desaceleração no crescimento da produção em 2006, estamos crescendo em cima dos 3,1% de 2005¿, disse.

A gerente destacou que o ano fechou com reação forte da indústria, após meses seguidos de discreta recuperação. Segundo ela, o mês de dezembro de 2006 mostrou um ¿ritmo mais acelerado¿ da produção industrial do que vinha sendo registrado ao longo do ano passado.

Segundo Isabella, comparativamente a todos os meses de dezembro desde 1991, o último mês de 2006 mostrou o nível de produção mais elevado para meses de dezembro de toda a série da pesquisa industrial mensal.

¿É um dezembro aquecido, mais aquecido do que as médias dos dezembros, comentou Isabella, acrescentando que ¿houve um acréscimo de ritmo mais acelerado em dezembro¿.