Título: 8,3 milhões receberam oferta de compra de voto, aponta Ibope
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2007, Nacional, p. A7

Pesquisa feita pelo Ibope revelou que 8,3 milhões de eleitores - cerca de 8% do total - receberam proposta de compra de voto nas eleições de 2006. Esse índice é quase três vezes maior do que os 3% registrados na eleição de 2002. Para as entidades que encomendaram a pesquisa, a ONG Transparência Brasil e a União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon), esses números são "alarmantes" e indicam que o País precisa agir com rigor para impedir o avanço da corrupção eleitoral nas próximas eleições.

"É possível concluir que centenas de pessoas foram eleitas em 2006 comprando voto", afirmou o diretor da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. O Ibope ouviu 2 mil eleitores em 142 municípios de todas as regiões do País.

Abramo responsabiliza o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não ter diagnosticado e agido preventivamente e culpa também a omissão dos partidos. "Não se pode dizer que a Justiça Eleitoral seja cúmplice da compra de voto, mas tem sim responsabilidade por não diagnosticar o problema para melhor preveni-lo." Os partidos, segundo o dirigente, têm o dever de colaborar com a lisura do processo eleitoral, mas "fingem que o problema não é com eles".

IDADE

O pior Estado no ranking foi o Paraná, onde 22% dos pesquisados disseram ter sido alvo de oferta de compra de voto. Segundo a pesquisa, o grupo mais vulnerável da população não é aquele formado por pessoas de baixa renda ou de menor instrução. "Não procede a crença de que quanto mais pobre, mais vulnerável à tentação da venda do voto." O questionário abordou compra de votos com dinheiro em espécie ou bem material e uso da máquina.

O levantamento também mostrou que, em relação à faixa etária, os jovens de 16 a 24 anos (13%) se revelaram mais dispostos a vender o voto, ante um índice de 4% dos eleitores com mais de 50 anos.

O Ibope apontou ainda que 15% dos brasileiros acreditam que os políticos eleitos vão roubar, mas 71% avaliam que eles não roubarão. ¿A predileção do brasileiro pelo ladrão que rouba, mas faz não se sustenta¿, disse Abramo.