Título: Evo ameaça subsidiária da Shell
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2007, Internacional, p. A12
O presidente boliviano, Evo Morales, advertiu ontem que se for comprovado que a empresa Transredes - subsidiária da petrolífera anglo-holandesa Shell e também da britânica Ashmore - conspirou contra seu governo durante os recentes incidentes em Camiri, não terá dúvidas em expulsá-la da Bolívia.
A agência estatal de notícias ABI informou ontem que Evo manifestou na véspera suas suspeitas de que a Transredes deu apoio a um movimento cívico na cidade de Camiri para fechar na sexta-feira as válvulas de um gasoduto, antes que o local fosse tomado por manifestantes.
¿Estamos investigando seriamente e se for demonstrado que houve uma sabotagem, não tenho nenhum medo, minha mão não vai tremer para expulsar a transnacional que sabota e conspira contra o governo, contra a economia nacional¿, disse Evo em Potosí, sul do país, na terça-feira, segundo a agência.
No entanto, a empresa emitiu um comunicado no qual, sem referir-se diretamente às acusações de conspiração, esclareceu que se viu forçada a fechar as válvulas da estação Choreti, em Camiri, mas destacou que o fez apenas depois de os moradores tomarem o local.
¿Este fato está documentado no Centro Eletrônico de Controle e foi amplamente divulgado pela imprensa, rádio e televisão de todo o país, alguns dos quais transmitiram os eventos ao vivo¿, acrescentou a nota.
A estação foi tomada por centenas de moradores na sexta-feira e recuperada à força na madrugada de sábado pelo Exército. Pelo menos oito civis ficaram feridos na ação, dois deles a tiro. O governo destacou que não autorizou o uso de armamento e pedirá uma investigação.
O comitê cívico de Camiri pedia o estabelecimento na estação de uma gerência da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscais Bolivianos (YPFB) e uma real nacionalização da empresa, por considerar que o plano do governo se limitou até agora apenas a uma renegociação de contratos com as petrolíferas. O governo aceitou as condições na segunda-feira, o que permitiu o levantamento dos bloqueios.
Evo garante que seu plano de nacionalização obterá para o Estado 50% mais uma das ações da Transredes.