Título: Temer pode ter que enfrentar Jobim no PMDB
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2007, Nacional, p. A8
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), avisou ontem o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim que pretende continuar no comando do partido e, por isso, disputará a reeleição. Jobim também tem interesse no cargo, mas ainda não definiu se entrará na briga. A eleição está marcada para 11 de março.
A conversa dos peemedebistas foi amigável. Em café da manhã na casa de Jobim, em Brasília, Temer avaliou que seu trabalho à frente do PMDB o credencia a disputar a permanência no posto. Ele falou especificamente sobre a adesão à base do governo - compondo o que o presidente Lula tem chamado de coalizão - e do apoio de primeira hora do partido à eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na Câmara.
Jobim prometeu a Temer uma definição na semana que vem. Segundo peemedebistas, ele teria dito que vem sendo pressionado a disputar o posto, mas que vai avaliar a viabilidade de lutar pelo comando do partido diante da decisão de Temer.
Feito o comunicado a Jobim, Temer marcou para segunda-feira, em São Paulo, o lançamento de sua candidatura.
Antes de se reunir com Jobim, Temer aproveitou uma conversa, na véspera, com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, para checar junto ao Planalto se havia veto à sua permanência à frente do PMDB. Tarso teria dito que não e que não iria interferir na disputa interna do partido.
Temer quer ser o avalista do acordo que consolidou a aliança do PT com o PMDB no Congresso. Em contrapartida, espera ter o apoio do PT para ser o próximo presidente da Câmara, em substituição a Chinaglia. Pelo acordo firmado entre os dois partidos, caberá ao PMDB, daqui a dois anos, indicar o candidato ao cargo.
A disputa pode atrasar ainda mais a reforma ministerial. Lula, segundo peemedebistas, teria advertido que é 'complicado' fazer mudanças na equipe tendo como interlocutor um presidente de partido que possa vir a ser substituído. O PMDB quer cinco ministérios. O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), tratou de ressaltar que o momento é de unidade. 'O presidente Lula já avisou que na semana que vem vai começar as conversas para realizar a reforma.'