Título: Para arqueóloga, Unesco deveria supervisionar obra
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2007, Internacional, p. A15

Israel poderia atenuar a polêmica sobre as reformas na Esplanada das Mesquitas convidando técnicos de organizações internacionais, como a Unesco, para supervisionar as escavações, de acordo com a arqueóloga americana Sandra Scham, que trabalhou em Jerusalém por seis anos e hoje edita a revista Arqueologia no Oriente Médio.

¿O problema é que eles até agora não se mostraram dispostos a tomar tal iniciativa e, como a jurisdição dessa área ainda está sob disputa, os mecanismos para impor legalmente uma supervisão internacional são muito frágeis¿, afirma Sandra.

Israel invadiu Jerusalém Oriental em 1967, na Guerra dos Seis Dias, mas até hoje a ONU e a maior parte da comunidade internacional não reconhecem sua soberania sobre a área. ¿A Esplanada das Mesquitas e outros edifícios de Jerusalém Oriental são considerados Patrimônio da Humanidade, mas suas inscrições na Unesco foram feitas pela Jordânia, e não por Israel, o que já complica a situação¿, diz Sandra. A polêmica sobre quem tem direito de decidir o futuro do lugar sagrado é antiga. A administração interna do complexo, por exemplo, está sob a responsabilidade da organização islâmica Waqf, acusada por arqueólogos de depredar os edifícios.

Para Sandra, não faz sentido pensar que os israelenses estariam tentando destruir a Mesquita de Al-Aqsa para provocar o mundo islâmico ¿Israel deve ter se cercado de precauções para que tudo dê certo, porque uma falha poderia desatar um grande conflito.¿

Segundo alguns relatos, após tomada da cidade em 1967, o rabino do Exército israelense teria sugerido que o lugar sagrado fosse destruído. ¿Se nem em uma época de guerra os líderes israelenses consideram essa hipótese seriamente, quem diria hoje¿, diz Sandra.

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA

1984 Conspiração Israel descobre plano de judeus para destruir Mesquita de Al-Aqsa

1990 Violência Protestos contra judeus ultranacionalistas causam a morte de 18 palestinos e ferimentos em 150

1996 Túnel arqueológico Protestos contra escavações de Israel causam a morte de 61 árabes e de 15 soldados israelenses

2000 Intifada Visita do então deputado Ariel Sharon dá início à segunda Intifada