Título: Estado de São Paulo tem 60% do crédito disponível no País
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2007, Economia, p. B6

O Estado de São Paulo tem uma participação de cerca de 60% no total de crédito disponível no País, uma fatia que cresceu quase 7 pontos porcentuais em dez anos. É o que mostra análise feita pelo economista Fernando Nogueira da Costa, vice-presidente de Finanças e Mercados de Capitais da Caixa Econômica Federal, a partir de dados do Banco Central sobre a distribuição do crédito no Brasil. A parcela de São Paulo é bem superior à participação do Estado no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de cerca de 37%.

Para o economista, São Paulo se destaca no cenário de crédito por causa da renda das famílias, do grande número de pessoas com contas bancárias e da presença das sedes dos grandes bancos no Estado. ¿Há uma concentração econômica muito forte em São Paulo¿, resume. O ranking de participação dos Estados no crédito no País mostra que, em 1994, a participação de São Paulo era de 53,7%.

A análise mostra ainda uma grande distância entre São Paulo e os seguintes da lista. O Rio de Janeiro, segundo colocado, passou de 10,45% para 10,35% na mesma comparação de tempo. Minas teve sua participação reduzida de 6,6% para 5,3%. ¿São Paulo possui cerca de 46% das pessoas físicas bancarizadas e 33% da clientela empresarial¿, destaca o economista.

Ele aponta ainda que o fato de pelo menos metade dos grandes bancos existentes no País manterem a sede em São Paulo contribuiu para a concentração. No fim dos anos 90, diz Nogueira, de 229 bancos existentes no Brasil, 116 tinham centros de decisão financeira na capital paulista e, em 93% dos municípios paulistas, havia pelo menos um banco, o porcentual mais alto de todos os Estados.

CRÉDITO X PIB

O economista destaca ainda a grande disparidade regional na relação entre crédito e PIB. Nogueira cita um estudo, elaborado em 2005 pela Universidade da Pensilvânia, nos EUA, que mostra o Distrito Federal com um índice de 122%, muito próximo dos países desenvolvidos. A média do Brasil é 33,7%, um número muito baixo se comparado com países desenvolvidos como EUA, com índice superior a 140%, e Japão, acima de 190%.

As explicações para o índice do DF, diz Nogueira, são a alta renda da população e o grande número de servidores públicos federais. Alagoas ocupa o segundo lugar, com 51%. O economista acredita que a estatística do Estado nordestino pode ter sido influenciada por um grande número de empréstimos a municípios, associado aos créditos aos usineiros. Em terceiro lugar, vem São Paulo (41%).