Título: Enviado do Vaticano aprova instalações
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2007, Vida&, p. A26

O arcebispo Piero Marini, cerimoniário do papa, saiu entusiasmado com o que viu no Mosteiro de São Bento, ontem de manhã, depois de percorrer as instalações reservadas para a hospedagem de Bento XVI. Ele veio conferir os preparativos para a visita do papa a São Paulo e Aparecida, em maio.

Da Basílica de Nossa Senhora da Assunção à sala de reuniões onde lhe foi servido um café da manhã , monsenhor Marini e seu adjunto, padre Enrico Viganò, ouviram dos monges explicações pormenorizadas sobre a história do mosteiro e seu acervo - preciosa herança dos alemães de Beuron, abadia responsável pela restauração da Ordem Beneditina em São Paulo.

Mesmo antes de se reunir, a portas fechadas, com o abade d. Mathias Tolentino Braga e com os bispos da Arquidiocese de São Paulo, para discutir a liturgia das cerimônias do papa na capital, monsenhor Marini deu algumas instruções para as celebrações privadas de Bento XVI no mosteiro.

¿Ele poderá se paramentar aqui¿, disse o arcebispo na Capela Abacial, apontando para a mesa de uma ante-sala que funciona como sacristia. Em seguida, a comitiva percorreu o corredor do primeiro andar que liga a capela à Cela nº 1, onde ficarão os aposentos do papa.

Ao passar pelo claustro, monsenhor Marini se interessou pela vegetação, especialmente por um xaxim. ¿É uma árvore em forma de raízes¿, explicou um dos monges. O representante do Vaticano gostou de de saber que, de seu apartamento, Bento XVI poderá admirar os jardins do mosteiro.

Além do administrador apostólico da Arquidiocese de São Paulo, d. Manuel Parrado Carral, estavam lá os bispos auxiliares d. Pedro Luiz Stringhini e d. Odilo Scherer, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

¿D. Odilo, o famoso d. Odilo, que finalmente tenho o prazer de conhecer¿, exclamou o cerimoniário do papa, ao abraçar o bispo, quando ele lhe foi apresentado diante do altar-mor da Basílica. D. Odilo, que fala italiano e daí em diante passou a fazer as honras da casa, é um dos nomes cotados para ser o novo arcebispo de São Paulo. O cargo está vago desde outubro, quando d. Cláudio Hummes foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero, em Roma.

Foi d. Odilo quem submeteu à aprovação de monsenhor Marini a túnica (paramento litúrgico) que o papa usaria na celebração da missa no Campo de Marte. O cerimoniário vetou um desenho nas costas da túnica e quis saber o significado das corres - verde, amarelo, azul e vermelho - traçadas no peito, embaixo de uma cruz estilizada.

¿Não sei, mas parece que significam a universalidade da Igreja¿, arriscou d. Odilo. Monsenhor Marini quis saber quantos bispos participariam da missa (cerca de 400, contando só os brasileiros) e aprovou o modelo da estola que os padres (dois mil) usarão na celebração.Ao entrar na sala de reuniões, o cerimoniário do Vaticano não segurou uma exclamação de espanto, ao ver a mesa armada para o café da manhã.

¿Mas é um banquete de núpcias!¿, disse monsenhor Marini, diante de 12 bandejas de bolos e biscoitos e meia dúzia de jarras de sucos naturais. Depois do lanche e da reunião sobre a liturgia, os representantes do Vaticano viajaram para Aparecida, onde vão checar o roteiro para as celebrações de Ben to XVI. O núncio apostólico no Brasil, d. Lorenzo Baldisseri, acompanhará a visita.