Título: Obras do PAC preocupam Lula
Autor: Abreu, Beatriz
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2007, Economia, p. B5
Três semanas depois de lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo se esforça para tirar a gigantesca lista de obras anunciadas do campo das boas intenções. Perto de 500 projetos estão sendo catalogados em fichas, que estabelecem prazos e metas para cada etapa. 'Não vamos deixar obras inacabadas', afirmou ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Um grupo de técnicos foi escalado para eliminar qualquer entrave que se coloque no caminho e, periodicamente, prestar contas do andamento dos projetos. Esse trabalho é supervisionado pelo trio formado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega e do Planejamento, Paulo Bernardo. Eles formam o Comitê Gestor do PAC.
O mais preocupado em pôr o PAC na rua é o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 'Temos conversado muito sobre isso e ele está pessoalmente empenhado', disse Bernardo. Na semana passada, o presidente reservou duas manhãs para ser informado sobre o andamento do PAC nas áreas de transporte e energia.
Na terça-feira passada, Lula esteve no Rio de Janeiro, onde foi assinado um convênio entre o Ministério dos Transportes e o governo do Estado para construir o Arco Rodoviário metropolitano, uma obra que vai ligar o Porto de Itaguaí às principais rodovias, desafogando o tráfego na cidade. O projeto faz parte do PAC.
'Cada obra dessas eu quero acompanhar pari passu, eu quero saber como está, quero saber por que não saiu o projeto, por que não saiu o dinheiro, porque, se a gente brinca, por um mês de atraso levam-se três ou quatro meses para conclusão da obra', disse Lula na ocasião.
'O porco só engorda se o olho do dono estiver olhando. Se não estiver olhando, não engorda.' Lula sabe que o sucesso do PAC não pode ser alcançado só com investimentos do setor público. O crescimento acelerado depende da participação do setor privado, que precisa ser convencido a retirar da gaveta seus projetos de investimento.
'A velocidade de aplicação do capital privado vai depender das posições iniciais do governo', disse Paulo Bernardo. O PAC prevê, por exemplo, que as novas hidrelétricas serão financiadas com recursos privados. Mas, para que a obra aconteça, é preciso que o governo tome providências prévias como, por exemplo, elaborar um projeto e licitar a concessão. 'Nossa parte é acelerar isso', disse o ministro. 'Não tenho dúvida que a iniciativa privada vai se estapear na hora de entrar nesses empreendimentos.'
O PAC prevê investimentos de R$ 20 bilhões com recursos do Orçamento este ano, segundo Bernardo. Essas obras serão preservadas do corte de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões que o governo pretende anunciar esta semana. O corte, tecnicamente chamado de contingenciamento, vai atingir principalmente os investimentos propostos por emendas de deputados e senadores e também os gastos de custeio. Ficarão fora as obras do PAC e verbas para programas sociais.