Título: US$ 14 bilhões em seis anos
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2007, Economia, p. B8

O setor sucroalcooleiro brasileiro vive um momento de euforia. Receberá US$ 14 bilhões em investimentos nos próximos seis anos, segundo estimativa da União da Agroindústria Canavieira (Unica). É esse capital que ajudará o País a elevar a produção de etanol dos atuais 17,5 bilhões para 35,7 bilhões de litros, volume que, espera-se, será suficiente para atender ao mercado de 7 bilhões de litros para exportação e 28 bilhões de litros para o consumo interno entre 2012 e 2013.

Boa parte do capital que compra terras, variedades de cana, caldeiras e reatores ainda é nacional, mas as projeções indicam uma forte entrada de investidores internacionais. A participação do capital estrangeiro em ativos para produção de álcool ou açúcar é ainda de 4,5% e deve chegar a 6,5% em seis anos, se considerados os projetos previstos agora.

A participação estrangeira no setor sucroalcooleiro ainda é em grande parte de companhias internacionais especializadas em commodities, como a francesa Louis Dreyfus, dona de três usinas no Brasil. A Bunge quer ingressar no mercado e disputa com a Cosan, maior grupo sucroalcooleiro nacional, a Vale do Rosário. A oferta pela empresa é de US$ 750 milhões, o que pode se tornar a maior transferência de recursos para pessoas físicas já ocorrida na região de Ribeirão Preto.

¿A participação dos estrangeiros tende a crescer. Não só nessas companhias tradicionais como na chegada de novos fundos de investimento interessados em comprar ou construir usinas¿, afirma Luiz Eduardo Costa, sócio da Brasilpar, especializada em fusões e aquisições no setor sucroalcooleiro. Costa avalia que entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões de fundos de investimento devem ingressar no País em busca de projetos de produção de etanol. Esse é um dos setores que alimentam a atual liquidez que inunda a bolsa brasileira.

É atrás desse dinheiro que a São Martinho fará uma emissão de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) amanhã. Esse dinheiro vai apressar o movimento de consolidação no setor. ¿A quantidade de grupos controladores de usinas é algo que tende a reduzir muito nos próximos anos¿, diz Costa.

Uma das empresas de produção de etanol financiadas por fundos europeus mais agressiva na compra de ativos é a Infinity Bio-Energy. A empresa comprou em 2006 três usinas no Brasil, em Naviraí (MS), Pedro Canário (ES) e Nanuque (MG). Investiu cerca de US$ 300 milhões e hoje tem capacidade para processar 3,5 milhões de toneladas de cana.

Segundo Sérgio Thompson Flores, presidente da Infinity Bio-Energy, a empresa negocia duas compras de usinas. Além disso, quer construir cinco novas usinas. Tudo decidido e assinado até o fim deste ano. O plano é criar um grupo com capacidade para processar pelo menos 15 milhões de toneladas de cana, com investimento de US$ 700 milhões.