Título: Lula fala em entregar até 4 ministérios ao PMDB
Autor: Lopes, Eugênia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2007, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende anunciar até o fim deste mês a reforma ministerial para seu segundo mandato. A informação é do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que ontem esteve com Lula no Palácio do Planalto durante duas horas. No encontro, Lula indicou a disposição de ampliar o espaço do PMDB no governo, abrindo-lhe a possibilidade de comandar quatro ministérios. Hoje o presidente vai receber integrantes do PP e do PDT para continuar as negociações sobre a equipe.

Aos peemedebistas - além de Temer, os líderes do partido no Senado, Waldir Raupp (RO), e na Câmara, Henrique Alves (RN), participaram da conversa -, Lula teria deixado claro que não pretende tirar da legenda o Ministério das Comunicações, a cargo do senador Hélio Costa (MG), nem o das Minas e Energia, comandado por Silas Rondeau. Os dois fazem parte do grupo dos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), que tentam tirar Temer da presidência do PMDB e eleger o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim para o posto.

A oferta de mais dois ministérios, provavelmente os de Integração Nacional e Saúde, seria para compensar o outro grupo, formado por deputados federais do PMDB. 'Lula assegurou que vai fazer o equilíbrio absoluto, trazer todo o PMDB para o governo', contou Temer depois da reunião. 'O presidente falou não apenas em ministérios, mas em vários cargos da administração. Não haverá distinção entre Senado e Câmara.'

A Integração Nacional, cujas atribuições incluem tocar a transposição do Rio São Francisco, deve ficar com o deputado Geddel Vieira Lima (BA). Seu nome é forte mesmo a Bahia sendo um dos Estados contrários ao projeto. Além do aval da bancada do PMDB, Geddel tem apoio do governador baiano, o petista Jaques Wagner.

Para a Saúde, os peemedebistas querem um parlamentar. Não aceitam que Agenor Alves, atual ministro, ou José Temporão, que tem o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral, sejam considerados como da cota do partido na Esplanada.

'O PMDB foi confiante para o encontro e ficou satisfeito de que a confiança é recíproca', afirmou Henrique Alves. 'O presidente Lula tem consciência do tamanho do PMDB e dos demais partidos da base aliada', observou Temer. 'Ficou implícito que levará em conta os votos que cada partido pode dar nas votações no Congresso.'

No encontro com os peemedebistas, Lula não teria cogitado a hipótese de entregar a pasta da Justiça ao próprio Temer, como se especulou no fim de semana, para tirá-lo da disputa pela presidência do partido. Um acerto interno no PMDB teria levado Lula a desistir de interferir na sucessão. Na convenção nacional do PMDB, marcada para 11 de março, Temer deve ser reconduzido. Daqui a dois anos, será a vez de Jobim - preferido de Sarney e Renan - assumir o posto. Temer seria, então, o candidato do PMDB à presidência da Câmara no início de 2009.

MAIS ALIADOS

Fora do PMDB, uma das hipóteses em discussão é deixar para o PR (o antigo PL) o Ministério dos Transportes, embora seja um dos postos cobiçados pelos peemedebistas. O nome mais provável para comandá-lo seria o do hoje senador Alfredo Nascimento (AM), que já foi titular da pasta durante o primeiro mandato de Lula.

No Ministério da Educação, o presidente não deve fazer mudanças, mantendo o petista Fernando Haddad. Apontada como opção para a pasta, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) não deve ganhar posto de comando na Esplanada dos Ministérios. Seu nome tem o apoio do grupo do ex-ministro José Dirceu, mas Lula já contou a amigos que resiste em trazer a ex-prefeita para Brasília.

Outra grande possibilidade é a manutenção de Márcio Fortes, do PP, à frente da pasta das Cidades. Fora da Esplanada, mas dentro do xadrez da reforma ministerial, Lula deve anunciar ainda esta semana a indicação do ex-líder do PTB José Múcio Monteiro (PE) como líder do governo na Câmara.