Título: Putin faz acordos energéticos em giro pelo Oriente Médio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2007, Internacional, p. A12
Em seu giro pelo Oriente Médio, o presidente russo, Vladimir Putin, alcançou acordos e promessas nas áreas de petróleo e gás natural tanto na Arábia Saudita quanto no Catar, tradicionais aliados dos EUA. A viagem ocorre num momento em que a influência de Washington sobre o Golfo Pérsico diminui e os países árabes buscam ampliar laços com outras regiões, especialmente a Ásia.
No Catar, Putin e o emir Hamad bin Khalifa al-Thani anunciaram ontem planos de ampliar a cooperação entre os países produtores de gás natural. ¿Não rejeitamos a idéia de criar um cartel de gás, mas essa iniciativa exige mais estudo¿, declarou Putin. Rússia e Catar são dois dos maiores produtores mundiais de gás natural e o Catar está sobre o maior campo individual de gás do mundo.
O presidente russo prometeu enviar uma equipe de especialistas a Doha, em abril, para uma conferência sobre gás natural, onde serão discutidos detalhes de um cartel nos moldes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) - à qual o Catar pertence, mas a Rússia não. Líderes da União Européia disseram que vão se opor a qualquer esforço de Moscou para criar esse cartel - 44% do gás natural que a Europa importa vêm da Rússia.
O líder do Catar disse apoiar as discussões, mas ressalvou ter dúvidas de que um cartel de gás pudesse ter tanto controle sobre o mercado quanto a Opep, já que o produto é vendido em contratos muito mais longos, de até 25 anos.
Antes de ir ao Catar, Putin passou dois dias na Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, seguida pela própria Rússia. O líder russo reuniu-se ontem, em Riad, com um grupo de 200 empresários russos e sauditas e anunciou que vai lançar este ano seis satélites de fabricação saudita para a Arábia Saudita. Ele também disse ver a possibilidade de cooperação em energia atômica - em dezembro, seis países do Golfo Pérsico concordaram em lançar um programa de energia nuclear pacífico. ¿Mas a Rússia espera ver a paz e estabilidade na região¿, acrescentou Putin. Ainda ontem ele seguiria para a Jordânia, onde hoje deve se reunir com o presidente palestino, Mahmud Abbas.
EXPLICAÇÕES DOS EUA
Moscou pediu explicações ao governo americano sobre uma declaração, semana passada, do Secretária de Defesa, Robert Gates. ¿Não sabemos o que vai acontecer em lugares como Rússia e China, Coréia do Norte, Irã e outros lugares¿, disse Gates a um comitê de deputados, classificando a Rússia como possível ameaça. Moscou pediu que os EUA esclareçam se o comentário reflete a posição do governo.