Título: Dilma admite discutir usina em parceria com bolivianos
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2007, Economia, p. B5
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o Brasil tem interesse, ¿sem dúvida¿, em uma parceria com a Bolívia para a construção de hidrelétricas no trecho boliviano do Rio Madeira. O assunto, segundo a ministra, deverá ser discutido amanhã, quando está prevista a chegada do presidente boliviano Evo Morales a Brasília para uma visita oficial. Outro assunto polêmico, o do preço do gás que o Brasil compra da Bolívia, enfrenta resistências, pelo lado brasileiro, para entrar em pauta na reunião.
A ministra disse que os bolivianos não estão pedindo para transformar o projeto do Complexo do Rio Madeira, em Rondônia (usinas de Santo Antônio e Jirau), em um plano binacional, como chegou a ser publicado. ¿O que eles querem é uma parceria nas usinas do lado boliviano do rio, em projetos que estão em avaliação¿, afirmou. Essas usinas seriam instaladas na Bolívia, no Rio Beni, um dos rios que formam o Madeira.
O Ministério de Minas e Energia também confirmou que existem estudos para a eventual construção de uma usina binacional no Rio Mamoré, na divisa entre os dois países.
Uma parceria com os bolivianos para a construção de usinas não é apoiada por todos os setores do governo. No Itamaraty, existem resistências. A avaliação é de que seria um risco muito grande fazer parcerias desse porte com o governo de Evo, que mostra hostilidade ao capital estrangeiro e já desapropriou refinarias da Petrobrás.
GÁS
Com relação às discussões sobre o preço do gás que a Bolívia vende ao Brasil, Dilma disse ontem que ¿acha que não estarão na pauta das reuniões¿ de amanhã. A ministra avaliou que o preço pago pelo Brasil está ¿bem compatível¿ com o de mercado. Questionada se haveria espaço para reajuste fora do previsto no contrato, como pleiteia a Bolívia, Dilma respondeu: ¿Até onde sei, não tem¿.
Ela ressaltou que está ocorrendo um movimento internacional de diminuição do preço do gás. Dilma citou que na Bélgica o preço do gás natural liquefeito é mais barato do que o desembolsado pelo Brasil no contrato com a Bolívia.
Hoje, o País paga cerca de US$ 4 por milhão de BTU (unidade britânica de medição do gás) à Bolívia, que quer elevar o valor para US$ 5 por milhão de BTU.
A ministra lembrou ainda que o preço do gás oscila muito no mercado internacional. ¿Por isso, é importante que, qualquer regra que se faça, seja cumprida.¿ Ela disse também que há uma tendência de aumento da oferta do combustível no mundo. ¿É sabido que existem mais reservas provadas, prováveis e possíveis de gás do que de petróleo. Então, o mercado de gás é bem mais fluido.¿