Título: Venezuela e Bolívia puxam fraco resultado internacional
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2007, Economia, p. B1

A onda nacionalista que atingiu o setor de petróleo na América do Sul vem provocando estragos nas contas da área internacional da Petrobrás. O segmento apurou redução de 76% no lucro líquido em 2006, que passou de R$ 1,45 bilhão em 2005 para R$ 352 milhões. As mudanças regulatórias na Bolívia e na Venezuela e o aumento de custos com exploração em diversos países foram a principal causa do mau desempenho.

Na Bolívia, o lucro da estatal brasileira caiu 77,2%, de R$ 250 milhões para R$ 57 milhões, entre 2005 e 2006. Segundo o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, a Petrobrás Bolívia pagou R$ 210 milhões a mais em impostos em 2006. Desde 1º de maio, vigora no país vizinho a taxa de 82% sobre a produção nos dois maiores campos de gás locais, San Alberto e San Antonio, operados pela Petrobrás.

Na Venezuela, a redução do lucro foi de 42,7% - de R$ 164 milhões para R$ 94 milhões. Lá, as petroleiras privadas foram obrigadas e entregar 60% dos projetos de exploração e produção à estatal local PDVSA, sob risco de serem expulsas do país. A Petrobrás opera na Venezuela por meio de sua subsidiária argentina Petrobras Energia e foi uma das primeiras companhias a aceitar os novos termos.

A mudança também teve impacto no volume de produção internacional da empresa, que caiu 6% em 2006, para 243 mil barris de petróleo equivalente (somado ao gás). Contando apenas a produção internacional de petróleo, a queda foi de 20%, para 130 mil barris/ dia. ¿Antes, tínhamos 100% da produção na Venezuela. Agora, temos apenas 40%¿, explicou Barbassa.

O executivo acrescentou que houve um aumento de R$ 572 milhões nas despesas com exploração de campos nos Estados Unidos e, em menor escala, na Bolívia e no Irã, também com forte impacto sobre o resultado da área internacional.

O segmento também sofreu com a valorização do real frente ao dólar, de 9%, em média, no ano, o que reduziu o valor dos ativos internacionais da companhia, cotados na moeda americana.