Título: Petrobrás não admite reajuste fora de contrato
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2007, Economia, p. B3

O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, reafirmou ontem a posição da empresa contra aumentos extraordinários no preço do gás importado da Bolívia. ¿Existe uma fórmula que rege o contrato (de importações da Bolívia), e é por essa fórmula que o preço continua sendo reajustado¿, afirmou Barbassa, ao responder uma questão sobre a posição da companhia diante da crescente pressão do governo boliviano por novos aumentos.

O tema deve ser discutido hoje em reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega boliviano Evo Morales. Barbassa disse, em entrevista coletiva, que não está agendada a participação da Petrobrás no encontro. Atualmente, a Petrobrás paga cerca de US$ 4 por milhão de BTUs (unidade térmica britânica, usada para medir o volume de gás) importados da Bolívia. La Paz fala em aumentar o preço para US$ 5, mesmo preço negociado com a Argentina, em contrato assinado em outubro de 2006.

O contrato com o Brasil prevê revisões trimestrais com base na variação do preço de três tipos de óleo combustível no mercado internacional. No início do ano, o valor foi reduzido em 3,7%, acompanhando a queda das cotações dos derivados.

Foi a primeira redução desde o segundo trimestre de 2002. Entre o início de 2003 e meados de 2005, a Petrobrás congelou o preço do gás natural, numa estratégia para incentivar o consumo do combustível.

Mesmo sem admitir reajustes extraordinários, Barbassa confirmou ontem as expectativas de aumento do produto. Segundo ele, o gás natural está sendo vendido no País a preços ¿competitivos¿, abaixo do custo de seu principal concorrente, o óleo combustível, e vai precisar de ajustes. Tal visão já vem sendo divulgada pela estatal desde meados do ano passado.

A Petrobrás, porém, faz questão de reforçar que o aumento de preço tem como objetivo cobrir os custos cada vez maiores de exploração do combustível, evitando qualquer relação com a disputa com a Bolívia.