Título: BC vai ao Senado explicar juros
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2007, Economia, p. B6

A diretoria do Banco Central (BC), incluindo o seu presidente, Henrique Meirelles, deve participar de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no dia 27, para debater a política monetária.

Segundo presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), a audiência marcará o início de uma fase em que a diretoria do BC deverá comparecer trimestralmente ao Congresso para prestar contas da política de juros, que tem sido criticada, velada ou explicitamente, por integrantes do governo e do PT.

Atualmente, Meirelles só é obrigado a comparecer duas vezes por ano ao Legislativo. Segundo Mercadante, na reunião de ontem da CAE, foi fechado um acordo para que o BC preste contas a cada três meses.

Por intermédio de sua Assessoria de Imprensa, Meirelles considerou positivo o fato de passar a prestar contas com mais assiduidade. ¿A ida ao Senado com mais freqüência é uma oportunidade positiva para debatermos a política monetária, que tem gerado uma inflação baixa e na meta definida pelo governo, beneficiando toda a sociedade¿, disse Meirelles.

Na semana passada, Mercadante criticou a desaceleração do ritmo de cortes na taxa básica (Selic) de juros. A Selic vinha sendo reduzida 0,50 ponto porcentual a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mas no mês passado o corte ficou em apenas 0,25 ponto.

Na visão do senador, toda a conjuntura econômica, sobretudo a manutenção dos juros norte-americanos e a inflação interna abaixo da meta, permitia a continuidade dos cortes na Selic em 0,50 ponto porcentual.

Hoje a CAE tem a obrigação de aprovar, a cada três meses, a chamada programação monetária do BC, ou seja, o cronograma de emissões de moeda e títulos. ¿Esse é um instrumento obsoleto, não faz sentido em um regime de metas de inflação. Os senadores querem é discutir a política monetária, mesmo porque temos a maior taxa de juros do mundo¿, disse Mercadante.

Segundo o senador, as audiências semestrais, que já ocorrem tradicionalmente no Congresso, serão consideradas para efeito de atendimento da resolução a ser aprovada pelo Senado, de modo que Meirelles e seus diretores ficarão obrigados a comparecer ao Parlamento quatro vezes por ano.