Título: Debate cambial domina reunião do Conselhão
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2007, Economia, p. B6
A primeira parte da reunião de ontem do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) se transformou em um debate sobre a política cambial, com críticas de empresários que foram ao Palácio do Planalto ouvir uma exposição sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu as notícias de que o governo iria taxar as exportações de commodities e descartou, mais uma vez, a possibilidade de adoção de ¿medidas artificiais¿ na área cambial. A alta dos preços das exportações de commodities tem sido apontada como um dos fatores para a valorização do real ante o dólar.
Mantega descartou a taxação das exportações de commodities ao afirmar que o governo não gosta ¿de medidas artificiais para o câmbio¿. O consultor Antoninho Marmo Trevisan, que também integra o Conselho, fez coro e disse que essa idéia é ¿absurda¿. ¿Não faz sentido. A natureza das exportações é transferir bens e serviços a outros países imune aos impostos¿, afirmou. Com menos tributos, as exportações, de acordo com Trevisan, ganham mais competitividade nos mercado internacionais. ¿Exportação é sempre algo saudável para a economia¿, afirmou.
O secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que a alta das commodities tem contribuído para a valorização - que chamou de ¿momentânea¿- do real. ¿A conjuntura internacional, os preços das commodities e a política monetária são fatores determinantes da apreciação atual¿, disse Barbosa.
Segundo ele, a taxação das exportações de commodities não está em análise no Ministério da Fazenda. ¿Vi essa proposta nos jornais. Não passou nada por nós nesse sentido¿, garantiu. Ele defendeu a política do governo e afirmou que o ministério está atento à questão cambial. ¿Não pensem que a Fazenda não está atenta e não se importa com essa questão¿, afirmou, após ouvir a leitura de uma carta com duras críticas contra a política cambial.
Presente ao encontro como convidado, o jornalista Luís Nassif contou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso explicou que só não mexeu na taxa de câmbio em 1996 (quando o câmbio ainda era quase fixo) porque a maioria dos analistas achava que não era necessário. ¿Segundo ele (FHC), só uns chatos reclamavam. Temo que isso esteja acontecendo de novo¿ disse.
¿Quanto ao que o Nassif disse, quero dizer que tem bastante chato no Ministério da Fazenda¿, rebateu Barbosa, para, em seguida, fazer uma defesa do sistema de câmbio flutuante. ¿É a melhor política para o Brasil.¿
Sobre a política monetária, o secretário explicou que os juros no Brasil, apesar de estarem em queda, ainda são altos em relação a outras economias. O diferencial de taxas, na visão do economista, acaba provocando uma entrada adicional de moeda estrangeira no país.
FRASES
Guido Mantega Ministro da Fazenda
¿O governo não gosta de medidas artificiais para o câmbio¿
Nelson Barbosa Secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda
¿A conjuntura internacional, os preços das commodities e a política monetária são fatores determinantes da valorização atual (do real)¿