Título: Ministros divergem sobre novo preço
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2007, Economia, p. B3

As autoridades brasileiras e bolivianas divergiram, ontem, sobre quanto a Petrobrás deverá pagar a mais à Bolívia na compra do gás natural. O ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse, em entrevista no Palácio do Planalto, que esse aumento poderia ser de 3%, 4% ou mesmo de 6%. O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, por sua vez, estimou que seu país receberia uma receita adicional de US$ 100 milhões por ano. Comparando esse acréscimo com o US$ 1,260 bilhão pago no ano passado pela Petrobrás na compra do gás boliviano, o aumento dos desembolsos da estatal brasileira seria de 8%.

Mais tarde, em entrevista no Ministério de Minas e Energia, o ministro Silas Rondeau questionou a estimativa de Villegas e destacou que o montante a mais que será pago pela Petrobrás vai variar de acordo com o preço internacional dos componentes nobres do gás natural, como o etano, o Gás Liqüefeito de Petróleo (GLP, composto de propano e butano) e a gasolina natural.

Rondeau disse que a estimativa de Villegas foi uma 'inferência', porque, não é possível saber, de antemão, qual será a flutuação desses componentes no mercado internacional. O acordo prevê que a Petrobrás pagará um adicional pelos componentes mais nobres presentes no gás importado que excederem um piso energético de 8.900 quilocalorias (Kcal) por metro cúbico de gás bombeado ao Brasil. Esse pagamento adicional levará em conta a cotação internacional desses insumos mais nobres.

O ministro brasileiro disse também que o acordo com os bolivianos para o preço do gás deverá ser assinado entre 15 e 31 de março, depois que forem resolvidas duas pendências. A primeira refere-se à segurança jurídica das operações da Petrobrás na Bolívia. O governo brasileiro reclama que os novos contratos de operação e exploração da Petrobrás com o país vizinho, selados no ano passado, ainda não foram oficializado.

PRIORIDADE

Outro ponto pendente é que o Brasil espera da Bolívia um esclarecimento sobre duas resoluções ministeriais publicadas há cerca de 15 dias, que estabelecem a prioridade no mercado interno boliviano no abastecimento de gás. O governo brasileiro teme que isso poderá afetar o fornecimento ao Brasil.

'Eles nos garantiram nas reuniões de ontem que essa resolução não afeta o nosso mercado', disse Rondeau. Na divulgação do acordo sobre o preço do gás, no Palácio do Planalto, o ministro boliviano Carlos Villegas disse mais de uma vez que o fornecimento de gás ao Brasil estava assegurado.