Título: Evo leva para La Paz um pacote de benesses
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2007, Economia, p. B5

O presidente da Bolívia, Evo Morales, deixou o Brasil ontem com um pacote adicional de benesses do governo brasileiro, além do aumento dos pagamentos pelo gás natural e das promessas de novos investimentos no setor.

Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que pretende acelerar o processo de adesão plena da Bolívia ao Mercosul, a exemplo do que foi feito no caso da Venezuela. Também prometeu que vai pleitear aos demais sócios do bloco a aplicação de tarifa zero de importação para a parcela de produtos bolivianos que não foi coberta pelo acordo de livre comércio firmado entre a Bolívia e o Mercosul, em 1996.

Evo também levou para La Paz a promessa de uma nova ajuda em dinheiro do Brasil, em março, cujo valor não foi informado. Além disso, carregou sete acordos de cooperação, o compromisso de construção de uma ponte sobre o Rio Mamoré, para a ligação das cidades Guajará-Mirim (RO) e Guayaramerín, e a promessa de colaboração nos estudos técnicos para a criação de uma malha rodoviária que ligará La Paz ao Norte do país.

Trata-se de um projeto de interesse de empreiteiras brasileiras.

Outro projeto de infra-estrutura prometido pelo Brasil foi a construção de usina hidrelétrica binacional no Rio Madeira, na fronteira entre os dois países. A rigor, essa foi uma maneira de o governo brasileiro esquivar-se dos protestos da Bolívia contra a construção de duas usinas no mesmo rio, as de Jirau e de Santo Antônio, que juntas terão capacidade de geração de 6.000 megawatts e que constam do Programa de Aceleração da Economia (PAC).

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, advertiu que esse projeto ainda dependerá dos resultados de estudos ambientais.

Dentre os sete acordos está a cooperação para o combate à febre aftosa na Bolívia, onde surgiram focos da doença nas últimas semanas que podem se alastrar para os rebanhos do Mato Grosso do Sul.

Em princípio, o governo brasileiro está disposto a enviar missões técnicas e doar 3 milhões de vacinas ao país vizinho. O Brasil também se dispôs a executar exercícios militares conjuntos com as forças armadas bolivianas, a colaborar na luta contra a desnutrição, a cooperar na área da educação básica e a apoiar a criação de um centro de pesquisa agropecuária - uma espécie de Embrapa da Bolívia.

COCAÍNA

O comunicado conjunto da visita oficial ao Brasil de Evo Morales, líder cocaleiro eleito presidente no final de 2005, traz um parágrafo inusitado sobre o controle do narcotráfico.

O texto foi incluído por causa da preocupação crescente das autoridades brasileiras com o ingresso de cocaína proveniente da Bolívia - cerca de 90% da droga que circula no mercado nacional.

Evo Morales e o presidente Lula determinaram que a Comissão Mista Antidrogas Brasil-Bolívia se reúna o mais rápido possível para tratar da cooperação na prevenção e do combate ao narcotráfico.