Título: Assembléias ficam com aliados do executivo
Autor: Scinocca, Ana Paula e Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2007, Nacional, p. A6

Os governadores dos 26 Estados e do Distrito Federal não têm em comum apenas problemas financeiros. Todos vão governar, pelo menos durante a metade do mandato (os próximos dois anos), tendo aliados no comando das Assembléias Legislativas. A situação traz um certo conforto à medida em que dificilmente os governadores terão vetados projetos considerados estratégicos.

Dos 27 governadores, 6 têm deputados do mesmo partido na presidência do Legislativo. Outros 21 têm representantes da base aliada no posto.

O cargo é importante, porque depende muito do presidente o ritmo dos trabalhos na Casa. Ele pode, por exemplo, acelerar a tramitação de um projeto que interesse ao Executivo, como retardar propostas pouco simpáticas ao governo.

São Paulo é o único Estado que ainda não definiu a Mesa Diretora. A eleição está marcada para 15 de março. Toda a articulação, porém, dá como certa a vitória do candidato governista Vaz de Lima (PSDB).

A situação no maior Estado do País nem sempre foi assim. Na legislatura passada, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) viu seu candidato, o deputado Edson Aparecido (PSDB), perder a disputa pela Assembléia para Rodrigo Garcia (PFL). Detalhe: a candidatura do pefelista foi patrocinada pelo PT, opositor de carteirinha do governo tucano e que, agora, sinaliza apoio ao candidato do governador José Serra (PSDB).

LÍDER

Entre os presidentes das Assembléias, há mais representantes do PMDB, com 7 deputados no cargo. O PSDB aparece em segundo lugar, com 6 parlamentares. O partido pode, no entanto, se igualar ao PMDB se confirmada a vitória em São Paulo.

O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governa 5 Estados, mas não preside nenhum Legislativo estadual.

As alianças nos Estados estão longe de refletir as parcerias tradicionais. Um exemplo típico se dá entre PT e PSDB na Bahia. Rivais históricos, os dois partidos caminham de mãos dadas no quarto maior colégio eleitoral do País.

Depois de um acordo costurado em Brasília, que garantiu a vitória de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para presidente da Câmara dos Deputados, Jaques Wagner (PT) terá Marcelo Nilo (PSDB) na presidência do Legislativo baiano. Nilo nega que a eleição na Bahia foi atrelada à disputa no Congresso. ¿A situação aqui não teve nada a ver com Brasília¿, afirmou. ¿Sou um dos deputados mais experientes, o que me credenciou para o posto.¿

Outro exemplo incomum é encontrado no Paraná, onde o PMDB do governador Roberto Requião tem como aliado o pefelista Nelson Justus. Contrário ao partido, que faz oposição ao governo, Justus assumiu a presidência da Assembléia paranaense prometendo fidelidade canina a Requião.

PARENTESCO

A Paraíba tem outra particularidade. No Estado, governador e presidente do Legislativo são mais do que aliados. Lá, o laço é familiar. O governador Cássio Cunha Lima (PSDB) tem à frente da Assembléia o primo Arthur Cunha Linha (PSDB).

As dobradinhas entre governadores e presidentes de Assembléias estão presentes em seis Estados. Em cinco deles, ela acontece entre peemedebistas e apenas na Paraíba dos Cunha Lima entre tucanos. Confirmada a vitória de Vaz de Lima em São Paulo, o PSDB passará a ter duas.

O PMDB conseguiu fazer dobradinhas no Amazonas, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, no Tocantins e em Mato Grosso do Sul. O partido domina, inclusive, as Assembléias em todo o País. Dentre os deputados estaduais eleitos para a legislatura 2007-2010, o PMDB terá a maior bancada em 11 dos 26 Estados e do Distrito Federal.