Título: Vale prepara venda de ações de sua empresa de logística
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2007, Economia, p. B8

A Companhia Vale do Rio Doce anunciou ontem a criação da subsidiária Log-In Logística Intermodal S/A, com venda de ações da nova empresa no mercado. A recém-criada subsidiária reunirá parte dos ativos de logística da mineradora, que se manterá como controladora. O representante da Bradespar no conselho de administração da Vale, Renato Gomes, disse, em rápida entrevista ao Estado, que a decisão visa aproveitar o potencial de crescimento das exportações no Brasil.

Segundo ele, o momento é positivo porque existem muitos investidores interessados em aplicar no setor de infra-estrutura.

'Será uma boa oportunidade para captar recursos', afirmou Gomes. Desde que comprou a mineradora canadense Inco, em outubro do ano passado, a Vale vem buscando alternativas para reforçar seu caixa e reduzir o endividamento. Gomes explicou que serão transferidos para a Log-In apenas os ativos de logística voltados ao transporte de carga geral onde a Vale é controladora integral. Já os negócios ligados a operações de escoamento de minério de ferro - principal atividade da Vale - ficarão de fora. A fatia da mineradora no capital da MRS Logística também não entrará na operação.

A nova empresa irá administrar, por exemplo, as operações do terminal de contêineres de Vila Velha, no Espírito Santo, a navegação costeira da Docenave e terminais intermodais de cargas.

Analistas viram com bons olhos a operação. Entretanto, destacam que a nova empresa terá apenas uma parte da receita atual da mineradora com o segmento de logística. Nos primeiros nove meses de 2006, o faturamento da Vale com o setor somou R$ 938 milhões, ligeiramente abaixo dos R$ 994 milhões apurados pela concorrente ALL Logística - a maior empresa ferroviária em atuação no País - no mesmo período.

Segundo Felipe Ferraz, da Brascan Corretora, o aumento das exportações abre um enorme potencial de crescimento para a companhia. Em comunicado, a Vale informou que a oferta de ações será feita no mercado de balcão, ou seja, os papéis não serão negociados na Bolsa. A mineradora destacou que os papéis serão direcionados a investidores institucionais no Brasil e no exterior.

Nos últimos anos, a concentração dos negócios da Vale em logística foi alvo de críticas, especialmente do setor siderúrgico. A queda de braço fez o caso parar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O grande questionamento girava em torno da participação da empresa na MRS Logística, onde a Vale tem 38% do capital, e que está fora do negócio anunciado ontem. A companhia manteve sua fatia no controle, mas, deixou de ter dois votos no conselho de administração da MRS, um pela holding e outro pela subsidiária integral, Caemi, que também está no bloco de controle.