Título: Condoleezza visita Bagdá de surpresa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2007, Internacional, p. A9
Um dia depois da Câmara dos Representantes dos EUA aprovar uma resolução contra os planos do presidente, George W. Bush, de enviar mais 21.500 soldados ao Iraque, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, fez uma visita surpresa a Bagdá, onde destacou que será necessário tempo para que a nova estratégia da Casa Branca tenha resultado. 'O plano de segurança foi concebido para ser aplicado pouco a pouco - não em um dia', disse Condoleezza, antes de se reunir com o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki.
A visita de Condoleezza ocorre três dias depois do início da implementação do novo pacote de medidas para reduzir a violência na capital iraquiana e em mei o a amplos debates nos EUA sobre suas chances de sucesso e o envio de mais soldados para o Iraque. Em Washington, os republicanos conseguiram impedir que o Senado aprovasse uma moção contra os planos da Casa Branca para o Iraque, como fez a Câmara. O seu cumprimento também não seria obrigatório, mas funcionaria como uma condenação pública a Bush. Para aprovar a resolução, a oposição democrata precisava do apoio de 60 dos 100 senadores, mas conseguiu apenas 56. O partido republicano foi favorecido porque a maioria democrata é mais estreita no Senado do que na Câmara.
Antes de pousar, o avião de Condoleezza teve de sobrevoar Bagdá durante ao menos meia hora por causa de ações militares que estavam sendo realizadas na capital. De acordo com autoridades americanas, porém, desde que o plano para Bagdá começou a ser implementado, houve uma drástica redução da violência em muitos bairr os. 'Estamos otimistas', disse o porta-voz da embaixada dos EUA no Iraque, Lou Fintor.
O general Joseph Fil, comandante das forças americanas em Bagdá, atribuiu a queda nos ataques não só à ofensiva americana, mas a uma a parente decisão dos grupos insurgentes. 'Se as milícias decidirem parar de matar iraquianos inocentes, não será ruim', disse Condoleezza. 'Mas o que os iraquianos irão fazer nesse meio tempo é que será decisivo'.
Pela nova estratégia americana para o Iraque, estabilizar a capital seria o ponto de partida para reduzir a violência no resto do país. Dos 21.500 novos soldados que serão enviados pelos EUA, 17.000 ficarão em Bagdá. Novos postos de controle foram instalados nas ruas da capital, causando longas filas de carros. Forças de segurança iraquianas também fizeram buscas e apreensões em bairros dominados por milícias.
O pior atentado do dia ocorreu na cidade Kirkuk, no norte do Iraque. Dois carros bombas explodiram em um mercado, deixando 9 mortos e 60 feridos.
PALESTINOS E ISRAELENSES
O Iraque foi a primeira parada de um giro que Condoleezza fará nos próximos dias pelo Oriente Médio. Na segunda-feira ela se encontrará com o presidente palestino, Mahmud Abbas e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, em Jerusalém.