Título: Sem-terra invadem 14ª fazenda em São Paulo
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2007, Nacional, p. A9
O Movimento dos Sem-Terra (MST) e sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) invadiram ontem a Fazenda Floresta, em Araçatuba, noroeste do Estado, a 545 km de São Paulo. É a 14ª invasão protagonizada pela parceria MST/CUT em uma semana e a primeira em terras cultivadas. O plano é invadir mais duas propriedades na região. A fazenda, de 932 hectares e pertencente à Usina Álcool Azul, tem plantações de cana-de-açúcar.
Com a ação, o MST deu seqüência à onda de ocupações iniciada no domingo de carnaval, apesar da promessa do líder José Rainha de abrir fase de negociação. Cerca de 270 sem-terra de três acampamentos, dois do MST e um do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf), participaram da ação. Eles deixaram os acampamentos às 5 horas e seguiram num comboio até a fazenda. O portão foi arrombado e barracos foram montados.
¿Não cortamos cerca, nem um pé de cana¿, disse o presidente do Sintraf, José Carlos Bossolan. Segundo ele, a área foi vistoriada pelo Incra e considerada improdutiva, em 2001. ¿Houve a imissão na posse e as famílias que estavam acampadas foram levadas para dentro.¿ Ele conta que discordância sobre preço a ser pago pelas benfeitorias fez a ação reverter. ¿Quem já estava dentro teve de sair.¿ Segundo Bossolan, mais duas fazendas estão na mesma situação e seis áreas seguem em processo de negociação.
A Polícia Militar informou que a situação é ¿tranqüila¿. A dona da fazenda, Edméia Carvalho Afonso, não comentou o caso. Funcionários da usina disseram que reintegração de posse será pedida amanhã à Justiça.
Para Rainha, seu acordo com o governo paulista está sendo cumprido. ¿Prometi desocupar as áreas que são de competência do Estado. Aquelas, na região de Araçatuba, são de alçada do Incra, por isso a mobilização vai continuar. O foco, lá, é o governo federal.¿ Segundo ele, as 13 fazendas invadidas no Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista estarão desocupadas até a manhã de hoje. O coordenador do MST, Wesley Mauch, afirmou que o movimento espera ¿sinal¿ do governo. ¿Se nossa expectativa não for atendida, voltamos a fazer ocupação e outras formas de mobilização.¿