Título: Álcool sobe 3% nas usinas e produtor diz que não haverá desabastecimento
Autor: Trovo, Luís Henrique
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2007, Economia, p. B3

Apesar de a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) garantir que há álcool suficiente no mercado para atravessar o período de entressafra da cana-de-açúcar na Região Centro-Sul do Brasil, os preços nas usinas subiram 3% na virada da semana de carnaval e já se refletem nas bombas para o consumidor final.

Ontem, na capital paulista, os menores preços estavam em torno de R$ 1,49 o litro. Em algumas grandes cidades do interior do Estado, o litro já é vendido acima de R$ 1,65.

Em nota oficial, a Unica justifica que a alta dos preços nas usinas, ¿conforme relatório semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ocorreu em função do aumento da demanda por conta do fim das férias nas últimas semanas de janeiro, pelo incremento das vendas de álcool para os proprietários de veículos flex fuel e pela grande competitividade em relação à gasolina nos grandes centros consumidores¿.

Segundo o chefe do escritório da Unica em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, não existe risco de desabastecimento e os preços não vão disparar. ¿O que houve foi apenas um ajuste momentâneo, uma vez que o mercado é livre e sofre oscilações semanais¿, justifica.

Na semana passada, o litro do álcool nas usinas era vendido em torno de R$ 0,86, e agora passa a valer perto de R$ 0,89. ¿São valores que, em princípio, não justificam grande alta, e imediata, para o consumidor final. Existe, inclusive, uma tendência de estabilização nos preços, mesmo neste período de entressafra¿, diz. ¿O próprio governo federal chegou a discutir a possibilidade de aumentar a mistura do álcool anidro para 25% na gasolina, já sabendo que não haverá falta dele até o início da próxima safra, em maio', argumenta Prado.

A safra 2006/2007 resulta em aproximadamente 17,5 bilhões de litros de álcool. São pelo menos 500 milhões de litros a mais no mercado em relação à safra 2005/2006. Apesar das justificativas, os donos de postos dizem estar cautelosos, porque sabem que existe uma tendência de crescimento das exportações do produto e do risco de novas altas nas usinas.

O presidente do escritório regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), Rene Abbad, diz que o mercado está mudando com muita freqüência. ¿Há tempos que nossa entidade vem falando para os representantes do governo e do setor sucroalcooleiro que apenas o excedente de álcool deve ser exportado para não prejudicar os consumidores brasileiros.¿ Segundo Abbad, em primeiro lugar deve-se pensar no abastecimento interno e tentar manter o preço do produto abaixo dos 70% do preço da gasolina.