Título: Brasil exporta a carne e os churrasqueiros
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2007, Economia, p. B5

Anualmente, o Brasil vende US$ 6,7 milhões em carne bovina e suína para a China. Um mercado ainda pequeno, mas em expansão. E nem só carne brasileira tem ido para o outro lado do mundo: os chineses agora querem churrasqueiros brasileiros para preparar a carne consumida por lá. Em janeiro, a consultoria de recursos humanos Manager procurava churrasqueiros com experiência a pedido de um hotel 4 estrelas para trabalhar em Ningbo, cidade chinesa de 7 milhões de habitantes. Por ser uma cidade portuária, o hotel recebe executivos com frequência - inclusive brasileiros - e queria incrementar o cardápio de seu restaurante.

¿Além de os brasileiros saberem lidar com carne, os chineses valorizam a facilidade que temos em lidar com clientes¿, diz a gerente da Manager, Renata Perrone. ¿E eles não querem aventureiros, e sim pessoas que queiram trabalhar na China por bastante tempo.¿ Uma das exigências era que o profissional fosse casado - um sinal de que está numa fase mais estável da vida. Nas primeiras 24 horas em que a Manager procurou interessados, 15 pessoas entraram em contato.

O hotel não é o primeiro a buscar churrasqueiros brasileiros. Keiko Taichi, dona da rede de churrascarias Latina, tem dez estabelecimentos na China e dois no Japão e em cada um dá emprego para pelo menos quatro brasileiros: dois churrasqueiros e dois músicos.

Keiko abriu a primeira churrascaria em Xangai, em 1998, e de lá pra cá só tem crescido. O cardápio é o churrasco brasileiro, com algumas concessões à gastronomia local. ¿Temos música brasileira ao vivo e rodízio de carnes como picanha e fraldinha, além de um bufê com pratos chineses, sushi e sashimi. Também servimos feijoada.¿

Para empreender na China, o segredo é ter um bom sócio chinês. ¿Isso é que abre portas.¿ A primeira churrascaria nasceu de uma parceria com o hotel Jinjiang, de Xangai, famoso por hospedar executivos . A moda das churrascarias brasileiras pegou, e Keiko, que cobra em média US$ 15 o rodízio, reclama das concorrentes que cobram US$ 8. Em Xangai, a grande maioria dos clientes são estrangeiros. Mas os chineses já são 30% da freguesia.

Japonesa de nascimento, Keiko foi criada no Brasil e hoje divide seu tempo entre China, Japão e Brasil. A empresária tem ainda um restaurante no Rio, O Shanghai. Como o nome sugere, Keiko mudou a estratégia e atacou de comida chinesa.