Título: Abbas luta para EUA aceitarem governo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2007, Internacional, p. A7
Em uma reunião tensa com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, o presidente palestino, Mahmud Abbas, tentou defender ontem, em Ramallah, o governo de coalizão palestino, que o seu partido, o laico Fatah, está prestes a formar com o grupo islâmico Hamas.
O encontro ocorreu num clima pouco amigável porque os EUA e Israel ameaçam não reconhecer o novo governo se ele não renunciar à violência, não se comprometer com os acordos de paz assinados no passado e não aceitar a existência do Estado israelense - três condições que o Hamas se recusa a cumprir.
¿Nenhum dinheiro do contribuinte americano será destinado a um governo que não satisfaça essas exigências¿, disse Condoleezza, referindo-se à ajuda internacional aos palestinos, bloqueada quando o Hamas assumiu o controle do governo, no início do ano passado.
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, que também se encontrou com Condoleezza no final do dia, reafirmou, num discurso, que o governo palestino poderá ser boicotado se não cumprir tais condições. ¿Neste caso não haverá cooperação¿, ameaçou Olmert. ¿Falei sobre o assunto com o presidente dos EUA (George W. Bush) e posso dizer que a posição dele é idêntica¿, completou.
Segundo assessores de Abbas, o líder palestino tentou convencer Condoleezza de que o governo de coalizão ajudará a integrar o Hamas completamente à política tradicional e estabilizará os territórios palestinos. Ele também teria prometido tomar as rédeas das negociações de paz com os israelenses.
¿Vocês estão me pressionando muito. A única alternativa a esse acordo (com o Hamas) seria a guerra civil¿, teria dito Abbas a um funcionário da Casa Branca.
O acordo para formar um governo de coalizão foi assinado em Meca, na Arábia Saudita, numa tentativa desesperada de acabar com os conflitos entre militantes do Hamas e do Fatah, que deixaram mais de 90 mortos desde janeiro. A esperança era que ele também convencesse a comunidade internacional a levantar as sanções econômicas impostas à Autoridade Palestina em 2006.
Condoleezza, Abbas e Olmert farão uma reunião a três hoje, em Jerusalém, mas nenhum pronunciamento conjunto foi programado - um sinal de que as expectativas são baixas. Inicialmente, a meta era já discutir a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos. No atual contexto, porém, o novo governo do Hamas e do Fatah deve dar a tônica dos debates.