Título: Oposição acusa Lula de interferência no Congresso
Autor: Nossa, Leonencio e Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2007, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende se reunir todas as segundas-feiras, no Palácio do Planalto, com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para discutir a pauta de votações no Congresso. A justificativa de Lula, revelada a pessoas próximas, é de que não quer repetir a fórmula do primeiro mandato, quando delegava a ministros e até a líderes partidários a condução dos processos de tramitação de propostas de interesse do governo. Mas a idéia foi repudiada na oposição, que vê interferência indevida do Palácio do Planalto nas atividades do Congresso.

¿Lula vai fazer a pauta da Câmara e do Senado junto com Renan e Chinaglia. Isso é uma ofensa ao Legislativo¿, afirmou o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP). ¿Está mostrado uma promiscuidade entre os Poderes. Daqui a pouco vai fazer como no parlamento da Venezuela, que defendeu a suspensão das votações de matérias para que o presidente governasse melhor.¿

O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), classificou a decisão de ¿vexame¿. No plenário, Coruja cobrou explicações de Chinaglia. Ele lembrou que o petista se elegeu pregando a independência dos Poderes.

Chinaglia se defendeu alegando que discutirá com Lula uma agenda de interesse do País. ¿Na relação harmônica e independente dos Poderes compõe a conversa entre esses Poderes. É normal que exista a conversa. Deve haver tranqüilidade na Casa, porque a relação é no sentido de pensarmos a pauta de interesse do País com cada um fazendo sua pauta e sua parte¿, respondeu Chinaglia.

Em audiência ontem com o presidente da Câmara, Lula marcou o primeiro encontro para a próxima segunda-feira. Ele aproveitou para pedir empenho na aprovação de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).