Título: MST ocupa fazenda de exportador em SP
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2007, Nacional, p. A9

Um grupo de 300 integrantes dos acampamentos Simon Bolívar e Macucos, ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST), ocupa desde domingo a Fazenda Santa Marina, de 1.680 hectares, localizada no município de Lins. O imóvel pertence ao Grupo Bertin, maior exportador de carne bovina e couro do Brasil e um dos 50 maiores grupos empresariais do País, com faturamento anual de R$ 3,5 bilhões.

O objetivo do MST com a ocupação é protestar contra o agronegócio e as culturas de eucalipto e cana-de-açúcar, que considera prejudiciais ao meio ambiente. Também visa a forçar a regional paulista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a cumprir acordos para a desapropriação de terras já ocupadas em Getulina e Gália, na região central do Estado. Os organizadores da ocupação cobram a presença no local do superintendente regional do Incra.

O Grupo Bertin informou que ingressou na Justiça com pedido de reintegração de posse e espera para as próximas horas a concessão da liminar com a qual pretende retirar os invasores de sua fazenda. A propriedade fica a poucos quilômetros de seu complexo industrial, composto do frigorífico que abastece o mercado interno e externo e da fábrica de biodiesel.

PROTESTO

Cerca de 200 famílias de sem-terra ligadas ao MST ocupam desde a manhã de segunda-feira a sede do Incra em Cuiabá (MT). Eles reivindicam o assentamento de 3.500 famílias em sete áreas já adquiridas pelo Incra e a liberação da verba de fomento a que as famílias assentadas têm direito.

Segundo um dos coordenadores do movimento, Vanderly Scarabeli, o Incra não cumpriu o compromisso de assentar 2.300 famílias no ano passado. ¿Nos últimos 4 anos, apenas 38 famílias pegaram lotes. Se o Incra cumprisse as metas, 50 mil famílias estariam assentadas¿, afirmou Scarabeli. A ocupação do Incra é a primeira de 2007.

Cada família tem direito a dois fomentos de R$ 2.400 no intervalo de um ano para iniciar a produção de alimentos e R$ 5 mil para habitação. Até agora, segundo o MST, nenhum valor foi pago. A coordenação do MST em Mato Grosso estende as críticas ao governo Blairo Maggi (PR), cujo foco é o agronegócio. ¿Sabe-se que o agronegócio aumenta a concentração de terras. Ele (Maggi) se esforça politicamente apenas para facilitar os lucros dos grandes proprietários¿, atacou Scarabeli.

Amanhã, cerca de 250 militantes do Movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados no Estado de Mato Grosso (MTA) devem se juntar aos sem-terra na sede do Incra. Eles iniciaram uma caminhada na Serra de São Vicente rumo a Cuiabá. Além da pauta em comum, o MTA pede a substituição do superintendente do órgão em Mato Grosso, Leonel Wohlfahrt. O superintendente e a assessoria do Incra não atenderam às ligações da reportagem.