Título: Cheney escapa de atentado suicida
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2007, Internacional, p. A10

Um suicida detonou ontem os explosivos que levava presos ao corpo na entrada da principal base dos EUA no Afeganistão durante visita do vice-presidente americano, Dick Cheney. Ele saiu ileso do atentado, que deixou 23 mortos e mais de 20 feridos, segundo fontes consultadas pela agência de notícias Associated Press. Em meio às informações contraditórias sobre o número de mortos no ataque, o governador da Província de Bagram, Abdul Jabar, disse que 20 pessoas tinham morrido. A Otan informou que havia 3 mortos, além do suicida.

O grupo radical islâmico Taleban assumiu a responsabilidade pelo ataque e confirmou que Cheney era o alvo. ¿Sabíamos que Dick Cheney estava na base¿, afirmou, por telefone, às agências de notícias internacionais, Qari Yousef Ahmadi, que disse ser porta-voz do Taleban. Ele identificou o suicida como mulá Abdul Rahim.

O vice-presidente disse a repórteres que por volta das 10 horas e estava em seu quarto na base quando escutou uma ¿forte explosão¿. Ele acrescentou que os funcionários o levaram logo em seguida para um abrigo antibombas na base de Bagram, cerca de 50 quilômetros ao norte da capital, Cabul.

Questionado se o Taleban estava tentando enviar uma mensagem com o ataque, Cheney disse que claramente os militantes ¿tentam encontrar formas de questionar a autoridade do governo central¿. ¿Suponho que atacar a base de Bagram com uma bomba é uma forma de fazê-lo¿, disse. ¿Isso não deve afetar nossa conduta.¿

Cheney se reuniu em Cabul com o presidente afegão, Hamid Karzai, duas horas depois do ataque, e então partiu para Omã. Ele havia chegado na noite de segunda-feira à base de Bagram, mas uma tempestade de neve o impediu de viajar para Cabul num helicóptero militar, por isso acabou dormindo no local.

Cheney conversou com Karzai sobre a luta contra o terrorismo, contra o narcotráfico e a estabilidade na região. Ele também reiterou ao líder afegão que Washington continuará ajudando o país asiático a melhorar a situação de segurança.

A visita de Cheney ocorreu após o Taleban prometer lançar uma ampla ofensiva de terror nos próximos meses, com um grande aumento dos ataques suicidas - pouco comuns até 2005 no Afeganistão, onde os EUA têm cerca de 27 mil soldados e a Otan, 33 mil.