Título: Humor piora com fala de Greenspan
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2007, Economia, p. B4

A deterioração do apetite por risco no mercado internacional deve prosseguir alimentada por uma combinação de fatores e fragilidades, segundo analistas em Nova York. Os especialistas advertem que volatilidade é o mote deste ano e o apetite dos investidores por ativos de risco deve oscilar de acordo com o noticiário e a divulgação de dados econômicos.

Ontem o humor dos investidores teve sensível piora, provocada pela queda do mercado acionário chinês. Segundo os especialistas, a maior queda em uma década do índice Xangai, com perdas de 8,8%, aconteceu em um momento de preocupação para os investidores no mercado externo com os comentários de Alan Greenspan sobre o risco de recessão nos EUA.

Siobhan Morden, estrategista para créditos soberanos do ABN Amro para América Latina, pondera que ¿as avaliações de Greenspan sobre uma possível recessão neste ano estão sendo levadas em conta¿. Em relação aos emergentes, os spreads ainda apertados indicam que há pouco espaço para maior valorização. ¿A volatilidade estará elevada ao longo deste ano.¿

Para Philip Suttle, diretor de pesquisa para os mercados emergentes, a piora no mercado ¿subprime¿ de hipotecas pode ser um sinal de problema para os mercados de crédito como um todo. O mercado ¿subprime¿ de hipotecas é destinado ao financiamento da compra de residências para quem tem baixo histórico de crédito ou tem atrasado o pagamento de empréstimos contraídos recentemente.

Jan Hatzius, da Goldman Sachs, observa que a inadimplência tem avançado rapidamente. ¿Enquanto o efeito macro deve ser limitado, as conseqüências poderiam vir pelo respingo em outros mercados de crédito.¿

O mercado de crédito global, incluindo o dos emergentes, tem estado caro, observa Suttle. ¿Mas a questão é a vulnerabilidade¿, concorda o analista. Ele acredita que, se algo for dar errado para os emergentes nos próximos meses com relação ao apetite por risco, tenderá mais a ocorrer nos mercados locais do que no mercado de dívida externa.