Título: Jovem morre mais nas metrópoles
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2007, Especial, p. H4
Se é no interior do Brasil que estão algumas das maiores taxas de homicídios do País, essa relação se inverte quando se trata especificamente da morte de jovens - a faixa etária de 15 a 24 anos. São as grandes cidades, e em especial as zonas metropolitanas, que apresentam os índices mais altos.
Os 556 municípios com maiores taxas de homicídios entre jovens concentram 47% da população do País e 81,9% dos assassinatos ocorridos nessa faixa etária em 2004. Entre as dez cidades com maior taxa há duas capitais: Recife (em 3º lugar) e Vitória (em 7º). Com exceção de Paulista, na Paraíba - que causou surpresa aos pesquisadores por sua presença no topo da lista -, as dez primeiras cidades são todas em zonas metropolitanas, turísticas ou pólos de desenvolvimento regional.
Para o pesquisador Julio Jacobo Waiselfiz, autor do Mapa da Violência nos Municípios, isso se explica pelo fato de que nas zonas metropolitanas a desigualdade entre ricos e pobres é mais acentuada. ¿A cultura urbana afeta violentamente a juventude. Os jovens são muito influenciados pela pressão para ter dinheiro, sucesso, respeito, ser alguém¿, argumenta. ¿Mas os caminhos legítimos para conseguir tudo isso estão fechados e nas zonas metropolitanas o contraste entre a riqueza e a pobreza é enorme. Elas convivem. A pressão só aumenta.¿
CRESCIMENTO
O crescimento no número de assassinatos no Brasil desde 1980 aconteceu basicamente entre os jovens de 18 a 24 anos. Passaram de 30 por 100 mil em 1980 para 51,7 por 100 mil em 2004. No mesmo período, as taxas gerais caíram de 21,3 por 100 mil para 20,8 por 100 mil - hoje, as taxas de homicídios entre jovens são 148,4% maiores que entre o restante da população.
Das 10 cidades com maior número de homicídios entre jovens do País, nenhuma tem taxa inferior a 160 por 100 mil habitantes. Em Foz do Iguaçu (PR), que está no primeiro lugar, o número de mortes de jovens é uma vez e meia superior à taxa geral de Colniza (MT), que está em primeiro lugar em homicídios em geral - e só aparece em 104º lugar na lista da mortalidade juvenil.
Se apenas 7 cidades têm taxas de mortalidade superiores a 100 por 100 mil habitantes quando se trata de assassinatos em geral, entre os jovens são 121 municípios. Foz do Iguaçu, Serra (ES) e Recife tem taxas superiores a 200 por 100 mil habitantes.
Entre as 556 cidades com os maiores índices, a menor, Caçapava (SP), ainda tem mortalidade de 48 por 100 mil habitantes. São Paulo está em 182º lugar na lista de homicídios em geral, mas sobe para 110º na de jovens, com 103,2 assassinatos em cada 100 mil habitantes.
FRASE
Julio Jacobo Waiselfiz Pesquisador
¿A cultura urbana afeta violentamente a juventude. Nas zonas metropolitanas o contraste entre a riqueza e a pobreza é enorme. Elas convivem. A pressão só aumenta¿